Conferência internacional aborda passado
traumático, lembrança e promessa

17/05/2013 - 14:59

Aleida e Jan Assmann falaram sobre passado traumático e lembrança e promessa na Unicamp

“Da violência coletiva ao futuro comum: quatro modelos para lidar com o passado traumático” e “Lembrança e promessa. O êxodo do Egito sob uma visão da história da memória” foram os temas abordados pelos pesquisadores Aleida e Jan Assmann, professores da Universidade de Konstanz (Alemanha), na conferência “Espaços da Recordação”, realizada (16) no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp. Os dois desenvolveram uma teoria da memória a partir da obra do sociólogo francês Maurice Halbwachs (1877-1945).

Apoiada na experiência alemã e europeia com o nazismo, depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), Aleida estruturou a apresentação em quatro eixos (modelos) que mostram as diferentes fases temporais da política de lembrança: o esquecer dialógico (“o peso do passado traumático e carregado de culpa foi tratado ou anistiado primeiramente pelo esquecimento”); lembrar para nunca mais esquecer (“pacto ético de lembrança que se orienta para o futuro”); lembrar para superar (“deixar a história de violência para trás para ganhar um novo futuro em comum”); e rememoração dialógica (“trata-se da política de lembrança entre dois ou mais Estados que estão ligados entre si por uma história de violência comum”).

“A União Europeia é ela mesma uma consequência da Segunda Guerra Mundial e uma resposta a ela”, explica a pesquisadora.

Jan Assmann, que é egiptólogo, falou sobre as passagens bíblicas a respeito de Moisés, da busca pela terra prometida e dos problemas enfrentados pelo povo de Israel. “O mito bíblico da Terra Prometida é uma narrativa da promessa. Está ligado inseparavelmente à mensagem bíblica – o monoteísmo exclusivo – e é característico da Bíblia. Encontra-se tantos paralelos para outros mitos bíblicos – a criação, o dilúvio, o sofrimento de Jó etc. – em outras culturas, especialmente na babilônica; porém não se encontra algo como o mito da Terra Prometida em nenhum outro lugar”, afirmou o pesquisador.

O evento foi realizado com o apoio da Pós-Graduação em História e da Editora da Unicamp, que publicou em português, em 2011, o livro “Espaços da recordação: formas e transformações da memória cultural”.