UM ANO
Comissão da
Verdade deve
aprofundar as
investigações
21/05/2013 - 16:58
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Os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade, cujo relatório de atividades foi divulgado nesta terça-feira (21), devem entrar numa nova fase a partir de agora. A tendência é que haja um aprofundamento das pesquisas, no sentido de esclarecer as circunstâncias das violações dos direitos humanos e das mortes ocorridas no Brasil durante o período da ditadura militar. A opinião é da cientista política Glenda Mezarobba, que fez o pós-doutorado na Unicamp e é assessora da Comissão.
De acordo com Glenda, embora tenha havido pesquisa no primeiro ano de atividades, o período serviu muito mais para estruturar a Comissão. “A partir de agora, penso que os estudos vão avançar, principalmente no sentido de dar voz às vítimas. Temos que lembrar que, por definição, o principal objetivo da Comissão é justamente o de contar a história da forma como ela aconteceu, a partir da análise de documentos e do depoimento das vítimas”, esclarece.
Ao comentar sobre um possível posicionamento da Comissão da Verdade em favor da revisão da Lei da Anistia, para que os responsáveis pelas violações possam ser responsabilizados, Glenda diz que, pessoalmente, não vincularia o trabalho a essa finalidade. “A Comissão faz justiça na medida em que ela revela a verdade. Entretanto, caso ela encontre indícios de crimes, sua obrigação é encaminhá-los à Justiça e ao Ministério Público”.
Glenda reconhece que o Brasil demorou mais que países como Argentina e Chile para instalar a Comissão da Verdade, mas considera que esse atraso também constitui um diferencial positivo. “Agora, há muito mais arquivos abertos e informações disponíveis. Também dispomos atualmente de avançada tecnologia, sobretudo na área da computação, que contribui para a análise de uma elevada massa de dados. Por tudo isso, acredito que a Comissão tem condições de fazer um excelente trabalho”, avalia.
Missão
Criada para desvendar as violações aos direitos humanos ocorridas na ditadura, a Comissão Nacional da Verdade tem mais um ano de trabalho pela frente. No relatório parcial apresentado nesta terça-feira, seus membros anunciaram a coleta de 268 depoimentos, sendo 37 de militares envolvidos nas violações, 24 de vítimas militares e 207 de vítimas civis. Durante esta primeira etapa, também foram localizados cerca de 400 rolos de filmes da divisão de informações da Petrobras e identificadas, no Ministério das Relações Exteriores da Argentina, 66 caixas com informações sobre o país durante a ditadura. Os depoimentos públicos com agentes da repressão começaram há duas semanas, com a fala do coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra.