A História da África é inserida no currículo escolar, mas a maior parte dos professores brasileiros sente dificuldade para fugir do senso comum e desviar do conteúdo impregnado nos livros didáticos de história disponíveis no mercado ou distribuído no governo. Uma demanda levantada por professores de ensinos fundamental e médio sobre as dificuldades para selecionar conteúdo relacionado ao assunto levou a equipe organizadora da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) a escolher a história da África como tema.  Os educadores se manifestaram durante palestra da professora de História da África no IFCH Lucilene Reginaldo na última edição da ONHB. Lucilene está entre os pesquisadores de universidades públicas reunidos com a coordenadora da olimpíada, Cristina Meneguello, nesta segunda-feira (27), para a elaboração de um curso on-line sobre a História da África.

Para a professora do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp Cristina Meneguello, a história começa contando a atuação do negro no Brasil, mas nunca chega à África. A reflexão sobre estudos africanos no Brasil é jovem e passou a ser intensificada a partir de 2003 com o centenário, por exigência da Lei Federal em relação à introdução de cursos da área, de acordo com Lucilene. Mestre pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e doutora pela Unicamp, a especialista acentua que muitos dos professores atuantes na rede de ensino e até mesmo em cursos de graduação não tiveram contato com a disciplina, daí eles mesmos apontarem o desejo de conhecer melhor este universo. Para ela, o fato de reconhecerem que seus conhecimentos sobre a história da África estão fundados apenas no senso comum já é um passo importante para tornar a disciplina mais próxima da realidade.

De acordo com Cristina, a organização, desde que o evento era realizado pelo Museu de Ciências da Universidade, oferecia apenas a preparação aos professores, mas este ano, sob responsabilidade do IFCH, os educadores terão, também, a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos sobre o tema central para ter conteúdo qualificado a oferecer a seus alunos em sala de aula, acentua Cristina. Poderão participar do curso somente os professores participantes da quinta edição, que estiverem orientando uma ou mais equipes de estudantes. O curso terá duração de 45 horas e, ao final, os participantes receberão certificado on-line com assinatura digital.

A declaração de estudantes sobre a mudança que a olimpíada proporcionou em seu comportamento em relação aos estudos, durante a final de edições anteriores, é a principal mostra da importância da realização do evento, na opinião de Cristina. O evento ressalta a importância da disciplina de história nas escolas e a necessidade de ampliar o tempo de aulas desta área. Todas as regiões brasileiras estiveram representadas nas quatro primeiras edições.

Participaram também da reunião desta segunda-feira representantes de diferentes regiões, todos professores em instituições federais de ensino superior. Entre os pesquisadores estão Giovani José da Silva, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; Maria Thereza Didler, da Universidade Federal de Pernambuco; Aldrin Figueiredo, da Universidade Federal do Pará; Marcelo Mac Cord, da Universidade Federal Fluminense; e José Rivair Macedo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Na Unicamp, participam da elaboração, além de Lucilene, Iara Lis Schiavinatto e José Alves de Freitas Neto.

As inscrições para a 5ª Olimpíada Nacional em História do Brasil podem ser feitas até 9 de agosto. Podem se inscrever estudantes regularmente matriculados no 8º e no 9º anos do ensino fundamental e demais séries do ensino médio, inclusive do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), de escolas públicas e privadas de todo o Brasil. A primeira fase iniciará em 19 de agosto, no Dia do Historiador.

Informações sobre a ONHB neste portal.