Cerca de 20 alunos do curso de Farmácia da Unicamp realizaram uma visita didática de dois dias (em 27 e 28 de maio) às comunidades quilombolas do Parque Estadual da Serra do Mar, núcleo Picinguaba - em Ubatuba. A viagem, sob orientação da professora da disciplina eletiva de Etnobiologia desse curso, Glyn Mara Figueira, integra o projeto “Resgate de informações sobre plantas úteis de comunidades tradicionais do litoral norte de São Paulo: cultivando saúde e cidadania”, que conta com parceria com a Universidade de Taubaté (Unitau). 

A diferença dessa experiência, em relação a anos anteriores, quando os estudos de campo eram desenvolvidos na Mata Santa Genebra, foi que, além da coleta de plantas para identificação botânica, houve um contato mais estreito com as comunidades quilombolas (remanescentes de quilombos), a partir de um enfoque etnobotânico, informa a professora Glyn.

Para isso, os participantes estudaram previamente a região, descobrindo suas necessidades e características. Depois saíram a campo em busca de informações, ouvindo, registrando e analisando os dados coletados. “Foi uma grande oportunidade para os alunos, sobretudo estratégica, já que receberam um embasamento teórico e souberam como é feito um trabalho de etnobiologia”, relata a docente. Outra tarefa executada pelos estudantes foi verificar o que há de confirmação científica a respeito das plantas coletadas, bem como os usos dados pela comunidade.

Tal atividade, de acordo com Glyn, teve como objetivo estabelecer contato com essas comunidades e discutir possíveis desdobramentos nas áreas de ensino, de pesquisa e de extensão. Uma das primeiras demandas levantadas, revela, é o resgate do modo de vida das gerações anteriores e sua relação com a biodiversidade. O intuito é reunir as informações em uma publicação (cartilha ou folder), a qual deverá conter, além de nomes das plantas que eles usam e outras informações, também o nome científico e popular de cada planta, bem como comprovações científicas sobre riscos e funções terapêuticas. A ideia é estimular os alunos a irem além da viagem didática e a darem continuidade ao trabalho realizado nesta viagem através, por exemplo, de um possível envolvimento da empresa júnior dos alunos do curso de Farmácia da Unicamp, pHarmaceutica Jr., com este trabalho.