Cedae recebe doação do
Fundo Haquira Osakabe

12/06/2013 - 17:00

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Teca, irmã de Haquira, assina a doação

Teca, irmã de Haquira, assina a doação

Conversa sobre as obras de Haquira

Conversa sobre as obras de Haquira

Público no Espaço Cultural do IEL

Público no Espaço Cultural do IEL

Professor Alcir Pécora

Professor Alcir Pécora

Professor Marcos Lopes

Professor Marcos Lopes

Haquira foi um dos fundadores do IEL

Haquira foi um dos fundadores do IEL

Cristina, outra irmã de Haquira

Cristina, outra irmã de Haquira

Parte da herança do professor Haquira Osakabe, docente do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), falecido em 2008, foi doada na tarde desta quarta-feira (12) pela família Osakabe ao Centro de Documentação Cultural Alexandre Eulálio (Cedae) da Unicamp. O Fundo, que leva o nome do ex-professor, soma um acervo composto de 2.631 documentos, entre livros, ensaios, fotografias e recortes de jornal. Eles ficarão sob a guarda do Cedae, para consulta pública. A irmã de Osakabe, Terezinha Tizu Osakabe, assinou o termo de doação. “Em nome da nossa família quero agradecer essa homenagem maravilhosa da Unicamp, que recebeu calorosamente este acervo”, disse emocionada, ao lado da sua também irmã Cristina.

A solenidade de doação, que foi acompanhada pela comunidade universitária, especialmente pelos ex-alunos de Haquira, ocorreu simultaneamente ao lançamento de duas obras, publicadas pós-morte: Entre Almas e Estrelas e Resposta à Decadência (reeditada), que acabam de sair pela Editora Iluminuras. Leia comentários sobre os livros.

Entre Almas e Estrelas, livro cuja apresentação foi feita pelo docente do IEL Alcir Pécora, é um ensaio sobre o que é o núcleo da produção poética de Fernando Pessoa, que ele localiza na capacidade demiúrgica, ou seja, na criação de mundos e mitos. “No jogo de criação do mundo, em que se confunde o criador e a criatura, é esse Fernando Pessoa que interessou a Haquira", conta Pécora, ao revelar essa obra inédita à plateia que compareceu ao Espaço Cultural para prestigiar o trabalho póstumo.

Pécora afirma que o legado do autor é extraordinário. Trata-se de um legado institucional, como um dos fundadores do IEL e responsável por boa parte da prescrição do grau de exigência intelectual que se constituiu dentro desse Instituto. Também é um legado intelectual, como pensador de cultura e um dos primeiros formuladores, no Brasil, do que depois veio se chamar de Análise de Discurso (AD).

É ainda um legado dentro da área de literatura, prossegue o docente do IEL. “Ele foi um ‘pessoano de primeira plana’ e medievalista. Foi um homem que teve uma abertura de leque literário muito pouco usual na época, que era quase toda nacionalista e centrada em questões de formação do Brasil. Tinha um pulso cultural que abrangia o mundo, além de um gosto acentuado pela erudição”, salientou.

No livro Resposta à Decadência, o professor Marcos Lopes, que apresentou a obra, afirma que a releitura sublinha um horizonte ético, ou um “ethos”, no estilo do autor. Haquira demonstra respeito pela escrita acadêmica e pela comunidade dos leitores. Outra coisa: demonstra leitura de convivência íntima. “É um livro difícil que foi matutado ao longo de sua vida. Sua voz crítica é lastreada apenas em uma elocução e é intransferível. A potência crítica dessa voz recusa os seus dotes de retórica”, observa Marcos.