Unicamp pesquisará
biocombustível para aviação
17/06/2013 - 15:43
- Text:Com Agência Fapesp
- Images:Samuel Iavelberg/Fapesp
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A Unicamp, por meio de seus diversos grupos de pesquisa, está preparada para integrar o esforço brasileiro para o desenvolvimento de um biocombustível para a aviação. A análise é do vice-reitor executivo de Relações Internacionais, Luís Cortez. De acordo com ele, que foi um dos coordenadores de um relatório elaborado conjuntamente pela Boeing, Embraer e Fapesp, cujo objetivo foi identificar oportunidades para o Brasil dentro desse mercado, a Universidade possui massa crítica capaz de ajudar o país a ocupar posição de destaque entre aqueles que participarão de tal desafio.
Conforme Cortez, unidades de ensino e pesquisa como os institutos de Biologia e Química e as faculdades de Engenharia de Alimentos, Engenharia Química e Engenharia Agrícola, além do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético (Nipe), possuem grupos que já realizam estudos consistentes relacionados ao desenvolvimento de biocombustíveis. “Ou seja, temos uma base sólida, que certamente contribuirá para que avancemos em relação a um combustível obtido de fonte renovável voltado à aviação”, considera.
O vice-reitor explica que o relatório elaborado pela Boeing, Embraer e Fapesp, divulgado oficialmente no último dia 10 de junho, identificou os desafios e oportunidades para o Brasil dentro do segmento. Batizado de “Plano de voo para biocombustíveis de aviação no Brasil: plano de ação”, o documento balizará os projetos de pesquisa a serem apoiados pela Fapesp e pelas duas empresas de aviação. “Neste momento, estamos trabalhando na elaboração de um segundo relatório, de caráter mais científico. O passo seguinte será a publicação de editais de chamada por parte da Fapesp”, adianta.
O primeiro relatório, prossegue Cortez, demandou um ano e meio de trabalho e a realização de oito workshops pelo país, que reuniram especialistas de várias áreas do conhecimento. Nele, foram analisadas todas as etapas relativas ao desenvolvimento de um biocombustível para a aviação, entre elas produção, conversão e logística. “Também consideramos diferentes matérias-primas, como cana-de-açúcar, eucalipto, soja e lixo. No caso do Brasil, a cana e o eucalipto levam vantagem, principalmente por causa da disponibilidade”, detalha o vice-reitor.
O objetivo por trás do esforço de chegar a um biocombustível que possa ser misturado ao querosene de aviação, diz Cortez, é fazer com que o setor reduza a emissão de gases de efeito estufa pela metade até 2050. “Atualmente, a indústria da aviação consome cerca de 260 bilhões de litros de combustível por ano e responde por 3% das emissões mundiais de gases de efeito estufa. O grande desafio que se apresenta é ajudar o setor a poluir menos, dentro de um cenário de crescimento”, lembra o vice-reitor.
No caso específico da Unicamp, entende o dirigente da Universidade, a tendência é que, assim que os editais da Fapesp forem publicados, os grupos de pesquisa realizem estudos em várias frentes, contemplando diferentes matérias-primas e técnicas de conversão. “A indústria está interessada em um biocombustível do tipo drop-in, que é aquele que pode ser misturado ao querosene sem que haja a necessidade de adaptação na infraestrutura de abastecimento e nem nas turbinas das aeronaves. Inicialmente, o que se imagina é que essa mistura seja iniciada, até 2020, com um índice de 1%, para ser paulatinamente ampliada até uma proporção ainda a ser definida”, completa.
Celso Lafer, presidente da Fapesp, afirmou durante a divulgação do relatório que o documento é um passo importante para o desenvolvimento de pesquisas conjuntas entre empresas e universidades. “A Fapesp tem participado ativamente para a criação de uma relação profícua entre universidades, institutos de pesquisa e empresas, apoiando a parceria e a inovação por meio de diversos programas, e a pesquisa para o desenvolvimento dos biocombustíveis de aviação no Brasil certamente será um marco nessa relação.” Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fundação, disse na mesma oportunidade que “esse estudo demonstra a possibilidade de fazermos projetos cooperativos entre universidades e empresas e aprender, descobrir coisas que são interessantes para os dois lados”.
Leia as versões digitais dos relatórios em inglês e em português
(acesso aos documentos na lateral direita das páginas)