A Freie Universität Berlin acaba de outorgar o prêmio Margherita von Brentano 2013 ao projeto Miseal (Medidas para a Inclusão Social e Equidade em Instituições de Ensino Superior na América Latina), financiado pela União Europeia e que tem participação da Unicamp. O reitor da Freie Universität Berlin, Peter-André Alt, fará a entrega do prêmio no dia 10 de julho, às 18 horas, na sede dessa universidade. É concedido bianualmente desde 1995, por proposta do Conselho Universitário da Mulher, um dos mais reconhecidos na promoção das trajetórias de mulheres dentro da universidade na República Federal da Alemanha. A distinção redunda do “constante e amplo compromisso do projeto com os estudos da mulher e de gênero, bem como com a política de educação superior e transferência de conhecimento”.

Trata-se de um reconhecimento pelos méritos acadêmicos no fomento à igualdade dentro e fora da Universidade, além do seu compromisso com o diálogo intercultural nos estudos de gênero. O projeto “é um exemplo a seguir, graças ao seu enfoque sobre políticas de inclusão social e igualdade nas instituições de ensino superior na América Latina”, menciona o documento referente à outorga.

O Miseal é dirigido pelas professoras Martha Zapata Galindo e Marianne Braig, do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Freie Universität Berlin, e coordenado pela professora Maria Conceição da Costa, do Instituto de Geociências (IG) e pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero (Pagu), ambos da Unicamp.

Esse projeto tem financiamento externo e fomenta quatro dimensões: medidas de igualdade; investigação sobre mulheres e de género; diversidade e internacionalização de conhecimento; e estruturas universitárias. Abrange 12 universidades latino-americanas e quatro europeias que, com suas instituições e atividades, trabalham no desenvolvimento e implementação de instrumentos para a igualdade e integração de populações vulneráveis.

As universidades participantes são a Universidade Estadual de Campinas, Brasil; a Universidad de Buenos Aires, Argentina; a Universidad Nacional de Colombia; a Universidad Nacional de Costa Rica; a Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales Sede Chile; a Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales Sede Ecuador; a Universidad de El Salvador; a Universitat Autònoma de Barcelona, España; a Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales, Sede Guatemala; a University of Hull, Inglaterra; a Universytet Lodzki, Polonia; a Universidad Nacional Autónoma de Mexico; a Universidad Centroamericana, Nicaragua; a Pontificia Universidad Católica del Perú e a Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales Sede Uruguay, além da Freie Universität Berlin.

Visibilidade
A professora Maria Conceição da Costa afirma que recebeu a notícia da premiação com satisfação. De acordo com ela, embora o prêmio em dinheiro (15 mil euros) não seja dos mais significativos para um projeto de alcance internacional, ele tem uma grande importância simbólica. "Sem dúvida, o prêmio contribui para dar maior visibilidade ao projeto, que tem como principal objetivo a promoção da inclusão social", considera.

Conforme a docente, o projeto que ela coordena está voltado às três categorias que compõem a universidade: estudantes, funcionários e docentes. "Obviamente, o segmento dos funcionários é olhado com um pouco mais de atenção, pois eles pertencem a uma carreira mais complicada do ponto de vista do acesso, permanência e mobilidade", afirma.

O Miseal, acrescenta Maria Conceição, dá ênfase especial à interseção dos diversos marcadores de diferenças, como etnia/raça, gênero, idade e condição socioeconômica. "É a partir desses marcadores que nós desenvolvemos medidas para melhorar os mecanismos de inclusão social e equidade relativos às três carreiras, dado que cada uma tem os seus problemas. Trata-se uma iniciativa fundamental, pois o nível de exclusão ainda é grande. Depois de 30 anos de docência, ainda me pergunto: onde estão os alunos negros da Unicamp? Eu ando pelo campus e não os encontro", exemplifica.