É preciso ouvir as ruas, adverte
psicólogo em Fórum Permanente
25/06/2013 - 11:16
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As ruas têm emitido sinais de uma transformação na sociedade brasileira. Os direitos humanos estão mudando. “Vivemos um momento de agitação, às vezes contraditória, e por isso temos dificuldade de fazer uma interpretação sobre o que está ocorrendo. Esse é um apelo para que entremos em sintonia com o que a rua está nos dizendo”, advertiu o psicólogo Alex Reinecke de Alverga durante o Fórum Permanente Esporte e Saúde, realizado nesta terça-feira (25) no Centro de Convenções da Unicamp.
Alex, que atua na Assessoria de Gabinete da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos da Presidência da República, foi convidado a participar da mesa-redonda Saúde e Direitos Humanos, uma das atividades do Fórum, promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e que nesta edição foi organizado pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM).
Segundo ele, tudo leva a crer que é necessária uma reforma política no Brasil. “Em maio de 1968, momento histórico iniciado na França, a representação era colocada em xeque – não só os partidos políticos, mas as formas de vida e de afirmação de novos valores. O que percebemos hoje é que as ruas recolocam a questão da luta pelo reconhecimento e há outras formas atuais de mostrar essa luta", constatou.
De acordo com o psicólogo, o maio de 1968 construiu uma luta solidária para o enfrentamento da opressão e simbolizou o auge de um momento de intensas transformações que marcaram a segunda metade do século 20 no Ocidente, a partir de manifestações estudantis nas universidades francesas de Nanterre e Sorbonne, que irromperam sucessivos movimentos de protesto em diversas universidades de países da Europa e das Américas, ganhando uma dimensão ainda maior com a ampliação das revoltas para a classe trabalhadora.
Ao abordar os hospitais psiquiátricos, o palestrante lembrou outro tipo de luta na saúde, que não se restrige a um espaço físico. Muitos já vivem esse isolamento, exclusão e encarceramentono cotidiano, admitiu. “A vida então se transforma numa prisão a céu aberto. É a 'manicomialização' da vida, um aprofundamento desse aprisionamento”, definiu.
A redução da idade penal, a 'cura gay' e outros temas discutidos nas esferas políticas dialogam com o campo da saúde mental, resgatou Alex. “Assim, este é um momento oportuno inclusive para que a luta manicomial dialogue com essa mobilização enorme que está havendo no país. É preciso enfrentar a lógica manicomial que empobrece o país.”