Judeu de judeus, conhecedor da lei, o apóstolo Paulo é um dos nomes mais citados na história bíblica. É, certamente, um personagem emblemático da fé cristã e uma figura superlativa, que inspira muitas leituras no Novo Testamento. Desta vez, inspirou o livro Paulo de Tarso: Um Apóstolo para as Nações, que acaba de ser lançado pela Editora Paulus, escrito pelo historiador e arqueólogo Pedro Paulo Abreu Funari e pelo teólogo da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Pedro Vasconcellos.  Pedro Funari é docente do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp e coordenador do Centro de Estudos Avançados da Universidade (Ceav). A obra, de 104 páginas, já pode ser adquirida ao custo de R$ 13,95 no site da Editora Paulus.

No livro, os autores apresentam as muitas faces de Paulo de Tarso na consciência ocidental, marcada de forma decisiva pelo cristianismo: o misógino, o apolítico, o inspirador de Lutero, entre outros, isso porque esse personagem tornou-se, mesmo sem pretender, nas tantas oportunidades e contextos em que foi relido, um dos vetores decisivos ao desenvolvimento de um novo movimento religioso, que se desdobrava da vida e morte de Jesus de Nazaré.

Com o apoio de recentes pesquisas de cunho histórico, arqueológico e exegético, os professores apresentam as suas percepções dos traços principais da trajetória desse apóstolo e as características principais de sua ação como missionário em cidades da Grécia e Ásia Menor, criador de assembleias de Jesus, semeador de valores contraculturais, animado por horizontes escatológicos tidos inusitados.

Paulo de Tarso, são Paulo, segundo Funari, continua sendo muito atual. "Para os que estão atentos à religiosidade, ele continua a inspirar, por sua atuação em prol da igualdade social. Ele mesmo disse que, perante Deus, não havia diferença entre livre e escravo, homem ou mulher”, recorda.

Outra faceta, lembra, é que Paulo foi importante para a Reforma Protestante, com ênfase na ligação direta do crente com Deus e no valor essencial da fé, não das obras. Mas, mesmo assim, a Igreja Católica romana continuou a tê-lo como grande referência. A data da fundação de Piratininga, em 25 de janeiro de 1554 (conversão de Paulo), é um exemplo disso, que deu origem à cidade de São Paulo de Piratininga, uma homenagem dos jesuítas.