Professores e alunos já podem
avaliar graduação da Unicamp

04/07/2013 - 15:02

/
Mara de Sordi: enraizando o PAG na comunidade

Mara de Sordi: enraizando o PAG na comunidade

Sergio Leite: foco nos coordenadores de cursos

Sergio Leite: foco nos coordenadores de cursos

Professores e alunos da Unicamp estão convidados a participar do Programa de Avaliação da Graduação (PAG) do 1º semestre de 2013, opinando sobre disciplinas e as condições gerais oferecidas nos cursos (bibliotecas, laboratórios, salas de aula, computadores, serviços) e também apresentando seu próprio perfil (atividades extras, atuação política, vida cultural). O processo de avaliação é online, anônimo e voluntário, e pode ser acessado até o dia 20 de julho pelo link, do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizagem (EA)2, vinculado à Pró-Reitoria de Graduação.

O PAG vem sendo realizado semestralmente desde 2011, com o objetivo de identificar os principais aspectos do ensino de graduação e, assim, oferecer ações contínuas que permitam valorizar a aprendizagem e a docência. “Estamos dando seguimento à lógica de tentar compreender a qualidade dos cursos com esta ‘provocação’ aos alunos e professores para que se manifestem. Buscamos agora dar uma consequência mais intensa aos resultados obtidos, provavelmente revisitando o próprio instrumento avaliativo e dialogando com as unidades para aproveitar as práticas de avaliação locais. Queremos que o PAG se enraíze na vida da graduação”, afirma a professora Mara Regina Lemes de Sordi, coordenadora de Avaliação.

O professor Sergio Antonio da Silva Leite, que acaba de assumir a coordenação-geral do (EA)2, vê o Programa de Avaliação como fundamental e justifica a sua revisão. “São dois objetivos: pensar formas de aumentar a adesão da comunidade docente e discente, o que talvez passe pelo tipo de ferramenta utilizada, tornando-a mais fácil e acessível; e possibilitar que os resultados do PAG se revertam a favor do ensino, o que não é simples, pois o (EA)2 não é uma instância que tenha ingerência direta sobre os cursos. Trabalhamos mais na linha do convencimento, mostrando a realidade e abrindo a discussão. Por isso, vamos adotar uma política mais centrada nos coordenadores de cursos.”

Mara de Sordi lembra que o (EA)2 foi criado justamente para fomentar os cursos de graduação, fazendo com que as coordenações ou colegiados se apropriem dos dados gerados pelo órgão, aprofundando seus significados para construir ou subsidiar políticas de qualificação. “É isso que nós ambicionamos. Não se trata de substituir a função do coordenador, pelo contrário, é estar a serviço desse trabalho de qualificação dos cursos, mediante um apoio com consistência teórica e metodológica.”

Em relação à adesão ao PAG, a coordenadora de Avaliação informa que a média está em 18% da comunidade acadêmica, percentual que é maior em alguns cursos e menor em outros. A expectativa é de que, com o término das aulas do primeiro semestre, mais professores e estudantes se manifestem. “Continua sendo importante o princípio da adesão voluntária, num processo de contaminação positiva para que mais pessoas percebam a importância da sua contribuição. Senda a adesão voluntária, o índice de 18% não é nada desprezível. Os participantes têm oferecido uma série de dados relevantes que localizam as áreas nevrálgicas e incitam à formulação de estratégias.”

Demandas
No Programa de Avaliação da Graduação surgem queixas a respeito de práticas pedagógicas, como a falta de estímulo à autonomia intelectual e de atividades mais sintonizadas com os tempos atuais; do sistema de avaliação de desempenho; da ausência de professores substituídos por monitores da pós-graduação; e naturalmente de infraestrutura. “Quando se realiza um processo de avaliação como este, a tendência é de apontar os problemas, ainda que apareçam muitos dados positivos sobre os cursos e o trabalho dos docentes. Também é preciso salientar que as demandas variam conforme o curso”, observa Sergio Leite.

É fato, na opinião do coordenador do (EA)2, que parte dos professores apresenta uma defasagem de formação pedagógica, o que não é um problema exclusivo da Unicamp, mas de toda universidade com o mesmo perfil. “Lidar com isso é um dos grandes desafios do (EA)2. Brilhante na pesquisa, o jovem faz mestrado, doutorado no exterior, volta e passa no primeiro concurso, já que a entrada na Unicamp se dá pela graduação; vai para a sala de aula sem nunca ter estudado práticas de ensino. É um fenômeno que faz parte da cultura pedagógica do Brasil: a ideia de que docência é uma ação isolada e que o professor se forma sozinho, bastando frequentar bons cursos e ter bons docentes. São mitos que se mantêm.”

De acordo com Mara de Sordi, a necessidade de assegurar um ensino de graduação importante e de qualidade na Unicamp é uma discussão consensual, principalmente entre os coordenadores de cursos, que desejam ações para restaurar esse padrão. “Este anseio, já bastante manifestado em várias áreas, é a razão de existir do (EA)2, fomentando, dando suporte e acolhendo os professores nessas vulnerabilidades. É nossa responsabilidade ofertar um ensino que não seja descolado dos saberes pedagógicos. E as pessoas que participam do PAG vêm contribuindo muito para iluminar as condições necessárias para que a qualidade aconteça.”