Pesquisador da Unicamp tem reconhecimento
inédito da Sociedade Americana de Radiologia

10/07/2013 - 14:15

Antonio Carlos Zuliani de Oliveira e Luís Sarian

O radioterapeuta Antonio Carlos Zuliani de Oliveira, que teve sua tese de doutorado detalhada no Jornal da Unicamp há poucas semanas, acaba de receber o prêmio de melhor trabalho internacional do Congresso da American Society for Radiation Oncology (Astro), a mais importante entidade do mundo nesta especialidade. A tese intitulada “Braquiterapia com alta taxa de dose e cisplatina concomitante no tratamento do carcinoma espinocelular do cólo do útero estádio IIIB: comparação histórica e ensaio clínico aleatorizado” foi orientada pelo professor Luis Otávio Zanatta Sarian e defendida na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.

Antonio Carlos Zuliani de Oliveira conduziu testes inéditos junto a 147 mulheres com câncer de colo de útero no estádio IIIB, mostrando a propriedade de associar a radioterapia com a braquiterapia de alta taxa de dose e a quimioterapia com cisplastina. Os experimentos feitos no Hospital da Mulher José Aristodemo Pinotti – Caism indicaram uma melhora significativa da saúde de 10% das mulheres em estado grave, com reflexos no controle local e na sobrevida livre da doença. “Graças a essa pesquisa, hoje não somos mais autorizados a indicar somente a radioterapia. Agora, as pacientes são tratadas com radioterapia e quimioterapia concomitantemente, o que mudou o protocolo do hospital e o modo de encarar a patologia”.

Oliveira vai receber US$ 4 mil como apoio para participar da Reunião Anual da Astro, que acontece de 22 a 24 de setembro em Atlanta, e também para conhecer o MD Anderson Cancer Center, em Houston, com sua mentora Patricia Eifel – o certificado será entregue em almoço no dia 22. O prêmio da Astro foi criado para promover a educação médica continuada, auxiliar do desenvolvimento da carreira e estreitar relações com os principais membros da entidade, que podem servir como mentores científicos. “Além de o prêmio vir de uma associação com o peso da Astro, a própria apresentação oral de um trabalho brasileiro neste congresso é algo inédito – são 4 mil concorrentes e um total de 11 mil participantes. É um feito memorável inclusive para a Unicamp.

Segundo Antonio Carlos, a associação da radioterapia com a quimioterapia no tratamento de câncer de colo de útero já é pesquisada há mais de uma década, desde 1999. “Não é algo totalmente novo na área médica. A inovação foi o seu uso no subtipo de câncer IIIB e da braquiterapia com alta taxa de dose – não havia muitos estudos sobre isso. A braquiterapia que temos no Caism é bastante utilizada no terceiro mundo para essas doenças. A dúvida era com relação tanto ao subtipo de paciente quanto a esta associação. Se alguém tinha restrições, agora ficou difícil contestar.”