Releituras analíticas de João Arruda em
exposição no Espaço Cultural Casa do Lago
15/07/2013 - 15:02
- Text:Divulgação

FormaCor intitula a exposição do artista plástico João Arruda que foi aberta nesta segunda-feira (15), no Espaço Cultural Caso do Lago. As 15 telas podem ser vista até sexta-feira, dia 19, das 8h30 às 22 horas. Esse trabalho resulta de suas reflexões sobre Freud, o "pai da Psicanálise". A vernissage é apadrinhada pelas artistas plásticas Maria Thereza Freitas Vilella e Rogério Cogo.
Na Sociedade Psicanalítica de Campinas, após se debruçar sobre a literatura de Freud, para então dar início ao estudo da também psicanalista Melanie Klein, de origem austríaca, veio-lhe à mente o desejo de fazer 'um ritual de passagem'. "Imaginei-me sentado num divã, durante algumas sessões de análise. Só que, ao invés de falar ao analista, pensei em pintar telas", conta o artista. Segundo João Arruda, não existe uma pintura exclusiva da psicanálise. Por outro lado, o próprio Freud alertava para o perigo do reducionismo, isto é, de limitar, após análise, a oportunidade de uma interpretação mais ampla.
João Arruda acredita que a exposição permitirá, particularmente aos psicanalistas, fazerem novas interpretações. "Seria uma ação muito interessante nessa etapa, pois já foi muito estimulante trabalhar nessas obras desde o início."
Relicário
O artista plástico aprendeu a desenhar com o pai que, numa época de escassez de brinquedos, arrumou um jeito de divertir os filhos sem gastos. A vida no campo era sempre recorrente nas telas, pois os avós eram fazendeiros.
O pai desenhava bois, cavalos, ovelhas. João Arruda e o irmão mais novo os recortavam, afastando as patas, duas a duas, para mantê-los em pé. Entretiam-se horas a fio nessa 'engenhoca'.
Também o fato de ter uma grande biblioteca em casa lhes produzia mais estímulos visuais, como por exemplo as figuras e as formas coloridas dos livros e das revistas. "Tenho certo que ali começou o meu interesse pelas artes, pelas formas, pelas cores", revela João Arruda. "Por isso do título da exposição."
Começou a pintar há cerca de 20 anos, incentivado por um familiar. Passou a fazer aulas particulares e a investir em bisnagas de tinta. A sua primeira pintura oficial foi feita na cidade de Piratininga, interior de São Paulo, onde passava férias.
Voltando a Campinas, fez aulas com a professora Edi e posteriormente com a professora Maria Tereza Freitas Vilela, em quem buscou aprimoramento. Até hoje, em algumas ocasiões, retoma algumas lições.
João Arruda encara a pintura como hobby e o que aprendeu procura dividir com quem sabe menos. Uma de suas iniciativas foi repassar conhecimento aos jovens e crianças da antiga favela do bairro Novo Guaraçaí, na Chácara da Barra, descobrindo ali vários talentos. Entendeu que aquela atividade seria sobremodo importante para que as pessoas produzissem algo personalizado, que traria inclusive uma renda para auxiliar nas despesas domésticas.
Durante cinco anos, fez mostras dos trabalhos desses alunos num salão do Jardim Flamboyant. No primeiro ano, prontificou-se a fornecer tela, pincéis e tintas. Os aprendizes formavam fila, tal o interesse despertado.
Ensinava os princípios básicos e depois ajudava os alunos nos retoques, para deixar a pintura mais harmoniosa. Somente mais tarde passou a fazer exposições anuais. Uma delas somou 70 telas, chamando público para prestigiar o evento. Em seguida, criou um núcleo de pintura no Jardim Líria, onde foram repassadas as primeiras lições. João Arruda estima que ensinou pintura a mais de 300 pessoas.