The Guardian destaca Sistema
de Bibliotecas da Unicamp

15/08/2013 - 16:35

Luiz Atilio Vicentini, coordenador do SBU

O Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU) figurou entre os indicados ao The Guardian Higher Education para a matéria “Bibliotecas universitárias: 10 retratos globais”, publicada em 07 de agosto, com o objetivo de revelar o papel desses acervos, os desafios e seu futuro. Além de Luiz Atilio Vicentini, coordenador do SBU, os repórteres colheram informações junto aos responsáveis pelas bibliotecas das universidades de Nova York, Manchester, Oxford, Tama (Japão), Queensland (Austrália), Nigéria, Nanyang (Cingapura), Nipissing (Canadá) e do Instituto Universitário Europeu (Itália). Confira a matéria em https://www.theguardian.com/higher-education-network/blog/2013/aug/07/university-libraries-10-global-portraits

Dentre os dados fornecidos pelas universidades, Luiz Vicentini chama a atenção para o crescimento do investimento e do uso de fontes eletrônicas, comprovando esta transformação dos acervos como uma tendência mundial da qual não se pode fugir. “A situação descrita pela Universidade da Nigéria não é muito diferente da Universidade de Manchester, que tem 85% do orçamento destinado à compra de e-books e outros documentos eletrônicos. Na biblioteca africana, a quantidade de acessos saltou de 1.800 para 45.000 desde 2011.”

Segundo Vicentini, a mesma situação é vivida na Unicamp, onde já é possível acessar mais de 30 mil títulos de periódicos eletrônicos e 300 mil e-books. “Uma distinção é que esse acervo é voltado para o aluno de pós-graduação, o que não significa que o graduando não o utilize. Um dado que apresentei à repórter é que, nos últimos três anos, o acesso à coleção impressa, principalmente de periódicos internacionais, caiu 35%: em compensação, houve um crescimento de 45% no acesso a títulos eletrônicos. Os equipamentos da Unicamp registraram entre 500 a 700 mil acessos a artigos de revistas e e-books nesse período.”

O coordenador do SBU informa que os alunos de graduação ainda são os grandes dependentes do acervo impresso, representando 80% dos usuários que retiram livros das bibliotecas da Unicamp. “Estamos buscando títulos básicos em formato de e-book também para eles. As editoras nacionais ainda relutam diante da ideia, mas já temos proposta de uma editora internacional que traduziu o livro de cálculo de James Stewart no formato eletrônico. E o custo é 40% menor que do livro impresso.”

As informações enviadas por Luiz Vicentini ao The Guardian em forma de artigo, foram naturalmente submetidas ao trabalho de edição. Publicamos abaixo a íntegra do texto, em português.

Um olhar para o futuro

O Sistema de Bibliotecas da Unicamp é constituído pela Biblioteca Central e mais 26 bibliotecas nas unidades de ensino e pesquisa de quatro campi localizados nas cidades de Campinas, Limeira e Piracicaba. O acervo de livros existente nas bibliotecas supera 1,1 milhões, mais de 300 mil e-books, mais de 30.000 títulos de periódicos eletrônicos e 100% das teses defendidas na Universidade digitalizadas com acesso livre.

A comunidade acadêmica da Unicamp é composta de 30 mil alunos de graduação e pós-graduação, 2.000 professores e 7.000 funcionários, com uma movimentação de circulação de materiais bibliográficos superior a 1,2 milhão (2012), 1,7 milhão de transações de circulação online e mais de 600 mil downloads em publicações científicas internacionais.

Não há dúvida de que as novas tecnologias que surgiram junto com a Internet modificaram e estão modificando a forma de atuação das bibliotecas acadêmicas. Na Unicamp este reflexo é perfeitamente constatado na utilização de seus acervos impressos, com uma redução de uso nos últimos 3 anos de 35%. Em contrapartida, para manter a Unicamp como geradora de 15% da produção científica no Brasil, nota-se o crescimento do acesso às fontes de informações eletrônicas (periódicos, bases de dados, e-books) com um número de downloads anual superior a 600 mil documentos.

Uma ação resultante dessa mudança de uso foi iniciada em 2011 com a coleção de periódicos científicos internacionais: a migração de 50% dos 5.000 títulos assinados anualmente no formato impresso somente para a versão eletrônica. Esta ação, além de proporcionar economia de recursos financeiros, permitiu a aquisição de mais de 100 mil novos conteúdos no formato eletrônico.

Essa transformação imposta pela tecnologia deve levar a Biblioteca a mudar a sua atuação junto à comunidade, seguindo três princípios básicos: preservar a coleção existente, organizar e facilitar o acesso às novas fontes de informações no formato eletrônico/digital e criar novos ambientes de convivência nas bibliotecas.

O SBU iniciou uma transformação em seus serviços a partir de 2002, primeiramente com a estruturação da Biblioteca Digital da Unicamp, dando ênfase às teses defendidas, o que possibilitou em 2009 atingir 100% das teses digitalizadas, tornando-a a única universidade da América Latina a tê-las todas com acesso livre. O acervo das teses digitais (hoje mais de 39.000 e outros 13.000 documentos) já recebeu mais de 30 milhões de acessos com mais de 6 milhões de downloads nas teses.

Em 2003 foi criado o Programa de Acesso a Informação Eletrônica – PAIe, com objetivo de sistematizar o acesso aos periódicos eletrônicos, realizando não só o controle dessa nova coleção, hoje com mais de 30 mil títulos, como também no oferecimento de suporte à comunidade nas orientações de acesso a essas novas fontes de informações em formato eletrônico. 

Quanto ao aspecto de preservação dos acervos físicos existentes, encontra-se em fase de construção uma nova biblioteca para armazenar as Coleções Especiais e Obras Raras, com o objetivo de reunir os acervos relevantes e raros no formato impresso existentes na Universidade. Foi iniciado também um trabalho de digitalização das obras raras, que são cerca de 4.000 – já possuímos 43 com acesso livre na Biblioteca Digital da Unicamp.

Outras tecnologias devem ser implementadas em breve visando tornar a Biblioteca Central uma biblioteca modelo, com novas tecnologias de controle de movimentação, oferecendo mais autonomia aos usuários no acesso aos acervos eletrônicos e na circulação de materiais impressos.  

O repensar das atividades da Biblioteca Acadêmica deve ser com serviços online e interativos, buscando priorizar a atividade acadêmica de sua comunidade, evitando com isso uma sobrecarga de informações e, consequentemente, a Síndrome da Fadiga de Informações (IFS), ou seja: oferecer uma informação certificada pela qualidade de seu conteúdo. A biblioteca acadêmica de hoje não deve ser uma biblioteca “sem paredes”, deve ir onde seu usuário está, na sala de aula, nos laboratórios, na sua casa e principalmente no seu “bolso” utilizando as tecnologias de dispositivos móveis (mobile).