Docente do IA coordena
filme sobre Carlos Gomes

23/08/2013 - 13:58

O músico Carlos Gomes: homenagem

Nome que empresta prestígio ao Brasil, Carlos Gomes (1836-1896) foi maestro e compositor do final do século 19. Autor da ópera O Guarani, uma das mais festejadas e que se baseou na obra do escritor José de Alencar, o músico agora sai do imaginário popular e ganha alma no filme Partitura rasgada - Antônio Carlos Gomes, projeto inédito coordenado pela docente do Instituto de Artes (IA) da Unicamp Ariane Porto. "Esta é uma iniciativa de educação nacional", reputa ela.

O trabalho, que no momento está em fase de captação de recursos, foi merecedor do grande prêmio da Agência Nacional de Cinema (Ancine) no mês de julho, num programa de cooperação entre a Ancine e a Direzione Genereale Per Il Cinema (DGC), da Itália. "Esse prêmio, no valor de 30 mil euros, será aplicado no desenvolvimento do projeto, que se trata de um longa-metragem sobre a vida de Carlos Gomes, gênio da música que teve grande notoriedade mundial, principalmente na Europa, mas que no Brasil ainda não teve a merecida atenção”, acredita Ariane Porto.

O filme será realizado em coprodução com Teresa Aguiar (do Teatro de Arte e Ofício e que já dirigiu óperas de Carlos Gomes), que com a professora do IA idealizou o projeto e ainda contará com a vasta experiência de Niza de Castro Tank, ex-docente da Unicamp. A produção está a cargo da TAO Produções Artísticas.

O longa faz parte de um amplo projeto, o Bravo Maestro! Projeto Viva Carlos Gomes —, que ainda prevê uma minissérie a ser exibida na TV, a montagem de uma ópera sobre a vida do compositor e um material educomunicativo para ser disseminado em escolas. A expectativa de término do filme é 2016, a fim de cumprir uma cronologia já bem-pensada e para coincidir com o ano em que Carlos Gomes completaria 180 anos, bem como a Unicamp o seu Jubileu de Ouro, ficando, deste modo, inserida na dinâmica dessas comemorações.

Conforme Ariane, no momento é realizada uma pesquisa detalhada sobre o maestro. As filmagens devem começar no próximo ano. “Para isso estamos fazendo parcerias com diversas instituições, inclusive de Campinas: como a Unicamp, o Centro de Ciências, Letras e Artes (CCLA), o Museu Carlos Gomes, a Academia Campineira de Letras e Artes (ACLA) e o Conservatório Carlos Gomes”, elenca. “O professor da Unicamp Ney Carrasco, que atualmente responde como secretário municipal de Cultura, também manifestou disposição do órgão em participar.”
Ariane considera este um projeto ambicioso e trabalhoso, já que reúne dança, artes cênicas e ópera. Em sua opinião, em termos de pesquisa acadêmica, trata-se ainda de uma inovação porque trabalha com áreas distintas, como as Ciências Sociais, Artes, Comunicação e Educação, envolvendo, além da Unicamp, a USP e a Unesp. 

Para a docente, que é professora do IA há cerca de um ano, Carlos Gomes não foi só o maior compositor brasileiro, mas também o único não europeu que conseguiu sucesso na Era de Ouro da ópera. “Ele brilhou entre os amantes da música clássica, acadêmicos e pessoas comuns”, frisa.
O argumento do filme, criado por Ariane Porto e pelo roteirista Ricardo Grynspan, foi selecionado para participar, em breve, de um evento em Roma-Itália, onde serão desenvolvidas parcerias entre os dois países para a produção do filme. “Vamos para Roma neste segundo semestre fazer a integração com o pessoal de lá e montar a equipe artística”, informa Ariane.

Outra boa notícia da docente é que este projeto de fôlego foi enviado nesta sexta-feira (23) para a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A ideia, portanto, é compor um temático sobre Carlos Gomes, que se renova no olhar de sua incentivadora que, de comum com o músico, divide o mérito de ter nascido em Campinas, terra da princesa D'Oeste.