Unicamp sedia o encontro de
história oral da regional sudeste

11/09/2013 - 15:44

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A organizadora do evento Maria Elena

A organizadora do evento Maria Elena

Mesa de abertura do evento

Mesa de abertura do evento

Professor Richard, da Universidade da Califórnia

Professor Richard, da Universidade da Califórnia

Evento aconteceu no Centro de Convenções

Evento aconteceu no Centro de Convenções

Um pensamento motivou um projeto de história e oralidade iniciado pelo historiador Richard Cándida Smith em 2002 para compreender a dimensão que os norte-americanos tinham da militarização permanente dos Estados Unidos, que ainda prossegue 73 anos depois que se instalou. Antes de 1940, o país tinha as menores forças armadas que qualquer país industrializado possa ter, com tradições pacifistas.

O relato realista, mas ponderado, partiu de Richard, durante o X Encontro Regional Sudeste de História Oral: Educação das Sensibilidades - Violência, Desafios Contemporâneos, realizado nesta quarta-feira no Centro de Convenções da Unicamp. O encontro é promovido pela Associação Brasileira de História Oral – Região Sudeste (ABHO) e pelo Centro de Memória Unicamp (CMU).

O especialista teceu uma ampla colcha de retalhos, empregando 135 entrevistas de pessoas que viveram uma ampla faixa desse período. “Temos outras 100 entrevistas planejadas”, informou.

Floyd Arnold, um barman; Mary Newsom, que trabalhou na Ford dos EUA por 35 anos, entre outros, foram tomados como exemplo durante a fala de Richard, que atualmente é professor da Universidade da Califórnia, em Berkeley, mas que já foi professor visitante no Brasil, primeiramente na PUC-Rio e depois na USP.

O convidado fez questão de discursar em bom português para um público especialmente composto por historiadores, linguistas e interessados em história e oralidade. Segundo ele, na década de 1940, com a queda da Bastilha (França), o congresso americano autorizou o armamento. Quatro anos depois, eram oito milhões de soldados. O governo Roosevelt estava convencido de que os Estados Unidos deveriam entrar na II Guerra Mundial. Inclusive o governo fez uma campanha para “instruir” o público sobre conceitos de liderança global no país.

Pouco antes, em 1941, quando os japoneses atacaram o Hawai, a guerra representou uma mudança para quem não a incentivava. Os efeitos estavam disseminado no corpo humano. Nessa mesma década, a fábrica automobilística da Ford americana dedicou um terço de sua produção aos veículos militares, endereçados aos aliados dos Estados Unidos, inclusive à antiga União Soviética.

Conforme Richard, a guerra catalisou a transformação das estruturas políticas e econômicas norte-americanas, obrigando o país a alimentar o preconceito racial, entre outras rupturas. “Foram organizados piquetes nas casas de negros que decidiram morar em bairros de brancos”, disse um dos relatos analisados pelo especialista. Muitos outros relatos expressaram ainda que o governo e a mídia ensinaram os norte-americanos a odiar os japoneses, lamentou o historiador.

Encontro

Neste encontro, o objetivo é focalizar até sexta-feira (13) a sociedade contemporânea no enfrentamento de suas crises modernas ou pós-modernas geradoras de tantas e diversificadas formas de violência, conta a organizadora Maria Elena Bernardes, atual diretora do CMU e da  Regional Sudeste da Associação Brasileira de História Oral. "Trata-se de um evento bianual cujo significado para os pesquisadores da História Oral é extremamente relevante, uma vez que trata de uma área que se consolida cada vez mais no campo historiográfico e cujas contribuições para este campo são vigorosamente estimulantes", salientou Maria Elena, sobre o evento, que reúne 105 resumos de trabalhos na área, que serão apresentados durante os minicursos. Conheça a programação do X Encontro.