Educadores debatem grandes
desafios na educação infantil

19/09/2013 - 11:49

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A professora Roberta Borges, organizadora

A professora Roberta Borges, organizadora

Público lotou os três auditórios

Público lotou os três auditórios

A professora Patrícia Rasa

A professora Patrícia Rasa

Carmen Lavras, coordenadora do Nepp

Carmen Lavras, coordenadora do Nepp

A pró-reitora de Pesquisa, Gláucia Pastore

A pró-reitora de Pesquisa, Gláucia Pastore

Mesa-redonda no Cerntro de Convenções

Mesa-redonda no Cerntro de Convenções

A professora Maria Helena

A professora Maria Helena

A professora Eliana Pires

A professora Eliana Pires

Ampliar o número de vagas na educação infantil e a qualidade do atendimento das crianças, readequar faixas etárias nos grupos multietários e garantir o atendimento em período integral para as crianças até 3 anos e 11 meses estão entre os principais desafios da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Campinas nos próximos anos. Foi o que garantiu a professora Eliana Aparecida Pires da Costa, representante da secretária da SME Solange Villon Kohn Pelicer, nesta quinta-feira (19) no Centro de Convenções da Unicamp. A convidada discursou a uma plateia de mais de 900 participantes, que lotaram os três auditórios. Veja a programação.

A palestrante falou durante sua intervenção na mesa-redonda “Projetos das instituições de educação infantil: conquistas e desafios”, dentro do contexto do Fórum Permanente Arte, Cultura e Educação da Unicamp, promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e organizado pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp).

Para Eliana Pires, que tem participação em uma série de fóruns sociais, a educação infantil é feita de avanços e de retrocessos. Seu depoimento é de que os avanços acontecem justamente quando a sociedade civil se organiza. “Na Secretaria, estamos iniciando um período de avanços nos rumos da educação pública de Campinas. Estamos fazendo, em caráter ainda experimental, o atendimento da educação infantil em período integral em duas instituições da cidade”, contou.

Segundo Eliana Pires, a realidade se mostra perversa, mas a SME vem dialogando com as escolas para ver o que elas de fato estão precisando para o exercício pleno da educação. Para isso, formou uma comissão de agrupamentos que avalia o processo. Outra coisa: tem feito um acompanhamento mais direto junto às unidades educacionais, construções e reformas dessas unidades e a organização curricular da SME.

Há poucos meses, a Secretaria criou o Programa Perto de Você com o objetivo de organizar o cadastro das crianças residentes e domiciliadas no município e, com isso, viabilizar e humanizar o atendimento às famílias que demandam vagas nas unidades educacionais de Educação Infantil. O programa tem usado inclusive um sistema que disponibiliza dados da educação infantil. São hoje 68 CEMEIs, 71 EMEIs e 16 CEIS. “Mesmo assim, oito mil crianças, cujas famílias desejam, não estão sendo atendidas na educação infantil”, lamentou a palestrante, salientando que um dos maiores problemas é a gestão de vagas.


Fórum
O Fórum desta quinta-feira comemora os 25 anos da promulgação da Constituição Federal discutindo os avanços das instituições de educação infantil no Brasil. O evento foi coordenado pela professora Roberta Rocha Borges, pesquisadora do Nepp e coordenadora do Programa de Estudos em Educação Infantil, que reúne pesquisadores internacionalmente.

Conforme Roberta Borges, a ideia é projetar o futuro, reconhecendo as crianças como sujeitas dos direitos. Conceber a educação infantil na sociedade significa assumi-la com responsabilidade em todas as etapas. Isso envolve projetar espaços pedagógicos, planejar o tempo na escola e construir os princípios dos projetos educativos, descreve. "As crianças devem aprender participando", acredita.

Na abertura do evento, Patrícia Rasa, pesquisadora do Nepp e uma das incentivadoras da Fundação Antonio Antonieta Cintra Gordinho, abordou que as bases para que as crianças se desenvolvam com autonomia estão lançadas já na primeira infância. De acordo com ela, essa entidade começou atendendo 30 crianças e hoje atende mais de 1.000 jovens da comunidade. A Fundação tem núcleos nas cidades de Jundiaí e Araçariguama. Trata-se de uma entidade privada, sem fins lucrativos. Foi instituída em 15 de fevereiro de 1957 para educar crianças e adolescentes provenientes de famílias de baixa renda e possibilitar o seu desenvolvimento íntegro.

A professora Carmen Lavras, coordenadora do Nepp, expôs que os núcleos da Unicamp, além de produzirem conhecimento, buscam colaborar com as demandas sociais. “Corremos o risco de receber informações empacotadas sem discuti-las. É preciso dizer o que pensamos, colaborando para fomentar o debate num ambiente democrático como a Universidade”, pontuou.

A pró-reitora de Pesquisa da Unicamp, professora Gláucia Maria Pastore, destacou em sua fala que há mais de 30 anos o Brasil reflete sobre  o que está havendo com a educação no país. “Sentimos grandes transformações, tanto boas como desastrosas. Por isso o que devemos fazer? Vocês estão aqui porque entendem que o tema é de suma importância. Eu também vivencio a educação, mas a educação superior, e reconheço que, se não fizermos algo na educação infantil, como vamos educar a sociedade para o mundo moderno e pós-moderno? Não estamos fechados em torres de marfim. Nossos cientistas estão procurando resolver as demandas sociais”, justificou.

A professora da Unicamp, a socióloga Maria Helena Guimarães de Castro, que já foi secretária de Educação de São Paulo, dirigiu a primeira mesa-redonda. Recordou que em seu mestrado trabalhou com a educação infantil nas cidades de Campinas, Jundiaí e Piracicaba. Em sua opinião, são favoráveis as condições de expansão da educação infantil em São Paulo e no Brasil.