Tomou um copo de cerveja e uma dose de vodka. Pegou o carro e foi para a rodovia. Era noite. Os olhos estavam turvos e, mesmo com todo cuidado, não conseguiu evitar o acidente. Bateu em animais na pista. Apesar do susto, isso não passou de uma simulação, mas poderia ter sido um acidente provocado por Anderson Olímpio, que trabalha na Transportadora Prosimulador. Ele fez os testes diante de um software introduzido no Simulador de Direção Veicular, estacionado nesta segunda (23) e terça-feira (24) no bloco C da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp.

Esse simulador fará parte da rotina do Centros de Formação de Condutores (CFCs) de todo Brasil a partir de 31 de dezembro deste ano. O professor da FEM, Celso Arruda, que integra o Conselho Estadual de Segurança para o Trânsito, disse que trazer o simulador para a Universidade serve de um alerta principalmente aos alunos acerca dos efeitos do álcool e está dentro da proposta da Semana Nacional de Trânsito: Álcool, outras Drogas e a Segurança no Trânsito. “A ideia é dirigir corretamente e não provocar acidentes”, salientou Arruda.

Segundo o docente, os alunos que estão aprendendo a dirigir irão fazer testes para simular o uso de bebida, ainda que virtualmente. “Ao simular, os alunos deverão vivenciar situações que não podem ser testadas no dia a dia.” O objetivo do simulador é utilizar a tecnologia para qualificar a formação de novos condutores e ter mais segurança no trânsito. Além do mais, o uso desse equipamento está atrelado à Resolução nº 444/2013 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran). A USP e a Unesp também estarão recebendo simuladores nos próximos dias.

Conforme essa resolução, todo condutor em formação que estiver tirando a habilitação da categoria B deverá ter duas horas e meia de treinamento virtual antes de começar as aulas práticas. Serão cinco aulas de 30 minutos com conteúdo didático, como conceitos básicos de condução, marchas, aprendizado de circulação em avenidas, curvas, estradas, vias de tráfego, regras de segurança, congestionamento e em situações climáticas e de risco.

O simulador parece um veículo computadorizado semelhante ao exibido nas salas de games dos shopping centers. Ele aponta os erros que a pessoa cometeu. Antes de entrar em operação, é preciso escolher os tipos de bebida ingerida. As opções são cerveja, vinho, champagne, vodka e whisky. Outras opções que aparecem na tela são peso, sexo, ritmo de ingestão, grau de cansaço. O “treino” pode ser leve, moderado e pesado.

Anderson Olímpio, após passar pelos treinos, comentou que a sensação de estar dirigindo no simulador é a mesma de estar dentro de um veículo. "No simulador, a atenção é maior, porém não menos estressante. A gente tem que lidar com chuva, com escuro e com um panorama todo embaralhado”, afirmou. “A vantagem é que aqui a gente sempre chega em segurança, por isso creio que o simulador deve ajudar muito quem está começando a dirigir.”