Especialistas debatem questões ligadas
à preservação do patrimônio histórico

09/10/2013 - 14:26

É possível compatibilizar a preservação do patrimônio histórico e cultural com o desenvolvimento de uma cidade. Para isso, é preciso priorizar os valores e as condições locais como elementos fundamentais para a promoção do avanço econômico e da qualidade de vida dos moradores. A reflexão foi feita na manhã desta quarta-feira (9) pelo professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP e atual vereador por São Paulo, Nabil Bonduki. Ele participou do evento Fóruns Permanentes, promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), que teve como tema Arquitetura, Cidade e Patrimônio: caminhos para a qualidade de vida no mundo contemporâneo.

Durante o encontro, que ocorreu no Centro Cultural de Inclusão e Integração Social da Unicamp (CIS-Guanabara), Bonduki destacou que a preservação do patrimônio histórico e cultural pode ser uma atividade importante do ponto de vista do desenvolvimento econômico. O docente da USP advertiu, porém, que esse tipo de política pública tem que ser implementada com muito cuidado, para evitar depredações. Uma das maneiras de se fazer isso, disse, é através da promoção da conexão das ações preservacionistas com as políticas públicas mais gerais, como as de habitação, educação etc.

Ele citou exemplos de experiências do gênero, executadas principalmente em cidades do Nordeste, que têm gerado bons resultados. As ações têm ocorrido no contexto do programa Monumenta, criado pelo Ministério da Cultura. Elas procuram conjugar recuperação e preservação do patrimônio histórico com desenvolvimento econômico e social. “Isso não quer dizer que todas as intervenções vão nessa linha. Existem visões discordantes”, pontuou.

Conforme Bonduki, ainda existem correntes que enxergam o patrimônio somente como um produto. “Muitas vezes, o turismo está relacionado com essa visão. Nesse caso, ele é tratado como uma mercadoria que deve ser vendida para aqueles que são de fora da cidade. Ocorre, porém, que o patrimônio histórico e cultural não é uma mercadoria. Ele é um valor da sociedade e precisa ser mantido nessa perspectiva”, defendeu.

Organizador do evento, o professor Marcos Tognon, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, ressaltou que reflexões como as formuladas no encontro são importantes para o debate em torno da preservação do patrimônio histórico e cultural, que é permeado por questões muito complexas como a gestão pública, a ocupação e o uso do espaço urbano e as legislações em vigor. Além Tognon, participaram da mesa de abertura do evento o professor José Marcos Pinto da Cunha, assessor da CGU; a professora Gisela Cunha Viana Leonelli (FEC-Unicamp); e o coordenador do CIS-Guanabara, Odair Marques da Silva.