Empresas bem-sucedidas estão sempre em busca de aprimoramento. Algumas delas buscam soluções no sistema Lean, inspirado no sistema Toyota de produção. Mas o método não é mais domínio apenas do setor automotivo e atrai também corporações da área de saúde, de acordo com um dos coordenadores do Lean Institute Flavio Battaglia. Nesta segunda-feira (14), ele apresentou algumas formas de aplicar o sistema Lean e como aprimorar a gestão de filas na área de saúde, a partir de sua experiência como consultor na implantação do sistema em alguns hospitais, entre eles do Hospital Regional do Vale. A palestra abriu a programação do Fórum Permanente de Empreendedorismo e Inovação, realizado pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) da Unicamp e organizado pelo Grupo de Inovação e Gestão em Saúde (Gigs).

Algumas atitudes importantes devem ser consideradas na relação entre a unidade de saúde e o paciente, assim como na relação cliente e empresa. A primeira delas é convencer-se de que o paciente está em primeiro lugar. O segundo é identificar e eliminar desperdícios sistematicamente. Processos e pessoas precisam ser sincronizados, segundo Battaglia.  Entre os principais desperdícios apontados por ele no processo estão o retrabalho, a espera, a movimentação, o transporte, o estoque, o excesso de processamento e desconexão. A exemplo, ele apresentou o caso do Hospital Johns Hopkins, em Baltimore, que chegou descartar 4,4% de sangue por conta do tempo (acima de 30 minutos) e condições de transporte (temperatura acima da adequada). “Ao adotar o sistema Lean, conseguiram reduzir o descarte em 50%. Em quatro anos, o hospital apresentou economia de US$ 800 mil.

No Hospital Regional do Vale, um conjunto de contramedidas ajudou a reduzir a fila de espera em 75%. O tempo de permanência durante a consulta caiu de duas horas para 30 minutos e em novembro de 2012, chegou a marcar 12 minutos. Com isso, puderam atender mais pacientes: o número de irradiados passu de 50 para 60, em média. O tempo de espera para agendamento de consulta foi reduzido em 80%.

“Não se pode esconder os problemas. A primeira atitude é enfrentar os desafios”, enfatizou Battaglia. De acordo com o coordenador, uma das diferenças fundamentais da maneira lean de gerenciar está precisamente relacionada à gestão de problemas, que devem ser expostos, anotados, investigados, discutidos e resolvidos.

Para os organizadores do fórum, o serviço de saúde tem de ser, ao mesmo tempo, seguro, eficaz, centrado no paciente, oportuno, eficiente e equitativo, mas o sistema brasileiro enfrenta ainda esses desafios para oferecer a todos os brasileiros acesso integral à saúde.