Seminário de Inovações Curriculares é
palco de debates sobre ações interdisciplinares

21/10/2013 - 17:13

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Luís Alberto Magna

Luís Alberto Magna

 Elisabete Aguiar

Elisabete Aguiar

Sérgio Leite

Sérgio Leite

Luís Carlos Freitas

Luís Carlos Freitas

Derval Rosa

Derval Rosa

Arlindo Philip Júnior

Arlindo Philip Júnior

O tema interdisciplinaridade orienta as discussões do 4º Seminário ”Inovações Curriculares” organizado por diferentes docentes da Unicamp, com apoio da Pró-Reitoria de Graduação. As comunicações acontecem no Centro de Convenções da Universidade, nesta segunda e terça-feira. O número de participantes e autores de pôsteres mostra o interesse crescente de profissionais da academia em debater teorias, ideias e experiências em inovação curricular e, em especial sobre interdisciplinaridade.

“Este seminário, assim como o tema interdisciplinaridade, motivou a presença de vocês. O número de trabalhos inscritos para apresentação denota que está havendo novo olhar para as questões científicas. Acredito que a consciência dos limites da posição de conforto, de que falava Zeferino Vaz, bate às portas da universidade e motivou tantos a se interessarem a debater sobre a interdisciplinaridade como forma epistemológica de como formar o conhecimento para pesquisa e formação docente e discente”, disse a professora da Faculdade de Educação da Unicamp e coordenadora-geral do evento, Elisabeth Monteiro de Aguiar Pereira.

Durante a abertura, ela lembrou algumas observações de Zeferino Vaz sobre as mudanças na área de educação “Já na década de 1960, ele dizia que vivíamos na época do máximo domínio do homem sobre o mundo, mas chamava atenção por isto porque essas questões nos obrigavam a pensar seriamente nos destinos que o homem daria a cada conquista e colocava que isso era imperativo para todos os homens, mas para os professores era essencial. Dizia também que ‘são os professores que carregam sobre os ombros a tremenda responsabilidade de se adaptar às novas circunstâncias científicas’ e ainda afirmava que a grande dificuldade da atualidade é a atualização dos professores e que esta estava na adaptação a uma nova situação, muitas vezes dificultada por se sentirem confortáveis no alicerce dos velhos conhecimentos.”

Hoje, na opinião de Elisabete, a estrutura curricular, “rígida, fragmentada e utilitarista”, está sendo questionada e novos enfoques estão sendo pensados, debatidos e experimentados.

O seminário, de acordo com a coordenadora, reúne inúmeros trabalhos de várias universidades que apoiaram a realização de diferentes enfoques, interpretações, ângulos, metodologias sobre questão de interdisciplinaridade. “O momento é oportuno para troca de experiências e as inter-relações das questões do conhecimento que produzimos e ensinamos hoje.”, acrescenta Elisabete.

Para o coordenador do Estudo de Ensino e Aprendizagem (EA2) da Universidade, Sérgio Leite, o seminário tem papel histórico importante, pois tem como proposta a reunião a proposta é trocar experiências inovadoras. “Coloco o desafio: como aprofundar o processo de socialização das experiências que serão relatadas aqui? Não podemos esquecer esse desafio que se coloca para todos nós”, acrescenta.

Leite colocou que a Educação passa por um período crescente de reconhecimento da importância do ensino da graduação, mas é preciso reconhecer que historicamente essa importância nem sempre foi patente. “Lutamos há muito tempo por isso. Estamos cada vez mais reconhecendo como é importante a questão da graduação. Respiro questões de ensino e sei que não é fácil. Promover ações que visem melhorar o trabalho das pessoas, muitas vezes cristalizados, não é tarefa fácil”, acentua Leite.

O diretor da Faculdade de Educação da Unicamp, professor Luiz Carlos de Freitas, falou sobre a urgência em relação ao debate. “Temos de ter nesta matéria do currículo o sentido da urgência. Temos a atual necessidade do debate, mas no sentido da urgência. Nós, de fato, estamos com uma estrutura vencida do ponto de vista acadêmico. Não é uma universidade e outra, é o modelo departamental que veio para substituir outro, o de cátedras, que foi avanço um importante, mas ao longo do tempo, também terminou cristalizando uma série de inconvenientes e não deu conta de acompanhar o desenvolvimento das teorias do conhecimento mais recentes.”

A realização de um evento como o Seminário de Inovações Curriculares é, em sua opinião, muito importante porque permite, a partir de experiências concretas, visualizar possibilidades que conduzam em direção a outras estruturas e coloquem os professores em situação mais confortável em relação ao ensino, à pesquisa e à extensão. “Essas coisas não poderão ser vistas separadamente, mas parte sugestão especial para que se debruce sobre a questão do vestibular que afeta a formação de professores. Essa questão vem sendo discutida há mais de 30 anos e não conseguimos formatar locus adequados para lidar com a formação do professor. E isso é essencial para nossas escolas.”

A Universidade Federal do ABC, de São Paulo, oferece um projeto pedagógico inovador e, nesse sentido, deve contribuir para as discussões do seminário, segundo o pró-reitor de Pós-Graduação da Universidade de São Paulo (USP), professor Arlindo Philippi Júnior. Segundo o pró-reitor de graduação da UFABC, Derval dos Santos Rosa, um olhar sobre a história da Educação pode mostrar que o projeto existe há muito tempo, apesar de ser difícil inovar já que muitos profissionais, principalmente aqueles com formação tradicional, tenham dificuldade em romper as barreiras, como leis estabelecidas. “É muito importante a troca de experiências promovida pelo seminário porque dá tranquilidade para quem quer inovar. Sair de uma condição que a princípio passa por confortável é sempre uma situação adversa. Precisamos discutir cada vez mais. Somos mais um tijolinho nessa nova construção", acredita.

Ao final da cerimônia de abertura, o pró-reitor de Graduação da Unicamp, Luís Alberto Magna, deixou como sugestão que as discussões fossem também orientadas no sentido de orientadas produzir elementos que sirvam para nos mobilizar como participantes de uma recente iniciativa de financiamento que deverá ter uma grande quantidade de recursos injetados pelo governo norte-americano em atividades interdisciplinares do mundo todo. “Sexta passada, em reunião com pró-reitores de graduação de várias universidades do Estado de São Paulo, tivemos a informação de que o governo americano tomou a iniciativa de financiar consórcios em universidades americanas e estrangeiras, e os projetos têm de ser obrigatoriamente de caráter interdisciplinar. Desta forma, o tema recorrente para este seminário não poderia ser mais apropriado e muito atual. Considerando o fato de que instituições de alta relevância como o próprio governo dos EUA reconhece a interdisciplinaridade é o ponto essencial sobre o qual deverá se basear a evolução do conhecimento científico”, declarou Magna.