Logo na entrada do Instituto de Artes, a candidata Camila Mouro ensaiava pela penúltima vez a fala do seu personagem para a prova de palco do curso de Artes Cênicas da Unicamp – e ouviria com atenção os reparos feitos por sua réplica, antes do ensaio derradeiro. “Tem gente que chega de última hora e sobe direto ao palco. Prefiro chegar antes e me preparar melhor. Sei que vou ficar nervosa, mas espero me sair bem”, torcia a estudante, que não integra nenhuma companhia, mas faz teatro há seis anos. “Estou buscando a faculdade porque o curso da Unicamp é muito bom e é essa a carreira que quero na vida.” 

Carlos Eduardo Mendes de Araújo Cardoso, sentado no piso do corredor em burburinho, terminava a maquiagem de Argon, personagem hipocondríaco, rico e avarento de O Doente Imaginário, obra-prima de Molière. “Espero me sair bem. Fiquei mais de um mês ensaiando essa cena e já tinha estudado bastante pra passar à segunda fase. A expectativa de ser aprovado é bem grande”, disse, sem tirar os olhos do espelho à mão. “Já fiz um curso profissionalizante, o Célia Helena em São Paulo, e estou num grupo de teatro que encenou uma peça profissional no ano passado. Também fui bem na prova teórica, respondi todas as questões tranquilamente. Acho que está tudo ok.” 

Ana Beatriz Gomes estava às voltas com colar e pulseiras na entrada no auditório, contando com a ajuda da mãe para desembaraçar os adornos de Nora, a esposa de Helmer em Casa das Bonecas, de Henrik Ibsen. “É uma personagem que sai de casa, deixando o marido e os filhos, numa época em que as mulheres eram muito mais submissas. Já fiz cursos de teatro, como o Célia Helena, mas a faculdade é importante e a Unicamp é muito boa na área. Gosto muito de teatro, é o que quero fazer na vida. Espero aplausos”, brincou. A mãe, Noeli, aparentemente mais nervosa do que a filha, fez questão de acompanhá-la na prova de palco. “Sou diretora de escola e a levo ao teatro desde pequena. Eu apoio a sua escolha.”