Pinturas de Tarsila inspiram
candidatos na prova de dança
22/01/2014 - 14:53
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Pinturas de Tarsila do Amaral inspiraram as coreografias criadas e apresentadas pelos vestibulandos na prova de palco para o curso de Artes Corporais, realizada na terça e quarta-feira, no Pavilhão de Artes do IA. Cerca de 80 candidatos que chegaram a esta fase, concorrendo a 25 vagas, foram divididos em grupos e tiveram o tempo máximo de três minutos para ocupar o espaço cênico acompanhados da música também escolhida por eles.
“Com essa prova de palco queremos observar a história corporal que o candidato traz, sem qualquer sugestão de nossa parte a não ser o tema de inspiração. Estamos avaliando a elasticidade, a plasticidade e a coerência entre o tema e o que está sendo comunicado. A banca também faz perguntas para avaliar o preparo que o candidato demonstra para tirar proveito efetivo do nosso curso”, explica a professora Graziela Estela Fonseca Rodrigues, responsável pelas provas de habilidades específicas em Artes Corporais.
A dançarina Júlia Sabrina procurou retratar “A Negra”, um dos quadros mais famosos e expressivos de Tarsila e que reporta às amas-de-leite da fazenda do pai da pintora. “Não é nem a mulata sensual, nem a negra escravizada e sofrida. A feição dela tem um pouco de tristeza e melancolia, mas de docilidade também”, observa a candidata, que tem experiência de três anos no balé, quando teve contato também com o jazz e o contemporâneo, mas que passou toda a adolescência no hip hop. “A dança sempre me acompanhou e sempre amei fazer, é o que me faz feliz. Ter uma formação na Unicamp e poder trabalhar com dança, para mim, seria formidável.”
Juliana Tieme Tarumoto fez uma coreografia para “Distância”, pintura de Tarsila do Amaral cuja cena, na visão dos críticos, “parece ser produto da mente na transição entre a consciência e o sono”. “Vi que a obra vagava entre o imaginário e o real, e é angustiante porque imaginário”, justificou para a banca a candidata, que fez exames pela Royal Academy of Dance. “Quero fazer o curso da Unicamp porque apesar de gostar muito, nada sabia de dança. Depois de um ano pessoalmente difícil, percebi que poderia ajudar outras pessoas com a minha dança e quis partir para a pesquisa, principalmente com dança inclusiva. Li muito sobre Maria Fux, mestre de dançaterapia, para quem ‘a dança pode resgatar um corpo que se encontrava limitado’; e acredito nisso.”
Técnica e criatividade
A professora Graziela Rodrigues informa que a quinta e sexta-feira foram reservadas para as provas de técnica e de criatividade, envolvendo vários métodos com uma visão contemporânea e alguns elementos de dança brasileira. “O candidato poderá mostrar suas técnicas e criatividade nas mais diversas modalidades corporais. Costumo dizer que as provas de aptidão são em grande parte responsáveis pelo sucesso do nosso curso, que vem obtendo excelentes avaliações. Todo esse cuidado na entrada dos alunos é muito importante, pois tendo um grupo que já traz um trabalho prévio, é possível desenvolver um bom curso de graduação.”
Arquitetura
Os candidatos a uma vaga no curso de Arquitetura e Urbanismo da Unicamp fizeram durante esta quarta-feira (22) as provas de habilidades específicas. As atividades foram divididas em duas partes. Pela manhã, a prova avaliou o domínio espacial e abstrato dos vestibulandos. No período da tarde, o exame aferiu a capacidade deles de observar a paisagem e seus elementos. Ao final, todos foram recepcionados por um grupo de veteranos, que preparou brincadeiras e organizou uma festa de boas-vindas em uma república.
De acordo com a professora Nubia Bernardi, coordenadora associada do curso, as provas de habilidades específicas procuram apurar o repertório de conhecimentos e aptidões dos candidatos. “Ao mesmo tempo em que avaliamos o domínio do vestibulando sobre geometria, que é a base para a criação, também analisamos a capacidade dele de ler e interpretar a cidade, com todas as suas complexidades. A proposta é que o vestibulando promova, por exemplo, uma reflexão crítica sobre a cidade”, informa.
A docente explica que essas habilidades e competências são importantes para a carreira do futuro arquiteto e urbanista, que estará em contato com cidades (e as comunidades que nelas vivem) em constante transformação. “Além disso, a atividade profissional é interdisciplinar. O trabalho do arquiteto e urbanista dialoga com inúmeras outras áreas do conhecimento, como a sociologia, a antropologia, a arte etc”, pondera.
Enquanto os candidatos “queimavam a mufa” fazendo as provas, as veteranas Camila Caetano e Camila Torato, do segundo ano do curso de Arquitetura e Urbanismo, preparavam a recepção aos futuros colegas. Elas utilizaram papelão para reproduzir uma porta de armário, que foi instalada no final da escadaria que dá acesso às salas onde os exames foram realizados. No material, foram escritas palavras de incentivo e boas-vindas. “Achamos importante fazer esse tipo de recepção. Assim, esses futuros calouros já passam a se sentir acolhidos pelos colegas e pela Universidade”, diz Camila Tortato.