Eles poderiam estar viajando ou namorando, mas estão trabalhando duro neste verão incandescente. Estudantes de engenharia da Unicamp que integram as equipes FSAE-Unicamp, Unicamp E-Racing e Urubus AeroDesign aproveitam o período de férias para aperfeiçoar os protótipos de dois carros e um avião que participarão de duas competições internacionais, agendadas para os meses de abril e junho nos Estados Unidos. “Apesar de estarmos dando duro, nós também estamos nos divertindo. Para nós, esse trabalho se confunde com hobby”, afirma Leonardo Guardia, da equipe FSAE-Unicamp.

Os primeiros a embarcar para os Estados Unidos serão os membros da Urubus AeroDesign, que participarão de uma competição denominada SAE East Aerodesign, na Geórgia. Lá, o avião desenvolvido por eles enfrentará aeronaves concebidas por estudantes de universidades distribuídas por todos os continentes, exceto a Oceania. “Assim que encerramos a participação na competição brasileira, em novembro, na qual ficamos em segundo lugar, nós já começamos a trabalhar neste novo projeto. Por força do regulamento, estamos substituindo a fibra de carbono pela madeira na estrutura da aeronave. Além disso, estamos fazendo outros ajustes, para tornar o protótipo ainda mais competitivo”, explica Jeferson Spedo, da Urubus.

As outras duas equipes rumarão juntas para os Estados Unidos. Elas participarão de uma mesma competição, a Formula SAE Lincoln, que será realizada em Nebraska, mas em dias e modalidades diferentes. O pessoal da FSAE vai tentar demonstrar que o seu carro movido à combustão é superior aos dos demais concorrentes. O mesmo ocorrerá com os integrantes da E-Racing, cujo veículo é movido à eletricidade. “Nós também estamos trabalhando para aperfeiçoar alguns aspectos do nosso carro. Queremos melhorar o desempenho do motor e substituir algumas peças, inclusive o banco do motorista, que ficará mais leve”, adianta Leonardo Guardia, com a anuência de Iara Arromba, os dois da FSAE-Unicamp.

Conforme Felipe Fonte, da E-Racing, além da oportunidade de viajar ao exterior e enfrentar as melhores equipes universitárias do mundo, a participação nesse tipo de competição proporciona a chance de os estudantes travarem contato entre si e também com representantes da indústria. “É uma experiência enriquecedora tanto do ponto de vista acadêmico quanto pessoal. Quando voltamos de uma competição internacional, sempre trazemos na bagagem novos conceitos e abordagens, além de amizades”, afirma.

Ao todo, as três equipes deverão rumar com cerca de 50 membros para os Estados Unidos. Cada uma, entretanto, é composta por uma média de 40 estudantes. “Infelizmente, por força do regulamento, não podemos levar todo mundo.”, lamenta Guardia. Segundo ele, a procura de estudantes interessados em participar de equipes de projetos – a Unicamp conta com sete delas -, é grande. Por isso, elas promovem um processo seletivo anual para a escolha de novos membros. “Considerando o pessoal que chega e o que sai, por causa principalmente da conclusão dos cursos, nós registramos uma rotatividade média anual de 15 pessoas em cada equipe”, acrescenta.

Os integrantes das três equipes são unânimes em destacar a importância da participação nesse tipo de atividade extracurricular. De acordo com eles, colocar a mão na massa em busca de soluções criativas para os problemas que surgem durante a construção de um carro ou avião é um complemento importante aos conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula. “Participar de uma equipe de projetos exige tempo e dedicação, mas traz muitas compensações. Estamos trabalhando em plenas férias, mas com disposição. Somos muito amigos e nos divertimos muito juntos”, reforça Spedo.