A artista Maria Bonomi
doa xilogravura ao IFCH
10/03/2014 - 17:56
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A artista plástica Maria Bonomi doou à Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp uma matriz de madeira gravada em duas faces: uma mostra a versão inicial de Tropicália (1992-1993) e, do outro lado, uma das pranchas que compõe a xilogravura Plenilúnio (1987). Ela também doou uma prova dessa matriz. "Essa xilogravura é para ser tocada e agora é de vocês", disse a artista ao ofertar a obra.
Gravadora, escultora, pintora, muralista, curadora, figurinista, cenógrafa e professora, Maria Bonomi nasceu na Itália e veio para o Brasil em 1946, fixando-se em São Paulo. É neta de Giuseppe Martinelli, construtor do primeiro arranha-céu da América Latina, o Edifício Martinelli, datado de 1929. Bonomi é um dos mais expressivos nomes da gravura brasileira, campo no qual adquiriu reconhecimento internacional.
O presente foi recebido com entusiasmo pelo diretor do IFCH, professor Jorge Coli, que, além de historiador da arte, é crítico de arte. Ao falar sobre Maria Bonomi, Coli salientou que ele a reputa como uma das principais gravuristas do Brasil de todos os tempos. Os curadores da mostra foram Priscila Sacchetin, Martinho Junior, Iannick Takae e contou com o empenho do pessoal da biblioteca, em particular da sua diretora Regiane Alcântara.
A entrega da obra foi feita durante a exposição "Maria Bonomi: O elogio da Xilo", no espaço do hall de entrada da biblioteca do IFCH, na presença de um público de cerca de 100 pessoas. O coordenador-geral da Universidade Alvaro Crósta e a pró-reitora de Pós-Graduação Ítala D’Otavianno estiveram na solenidade prestigiando o evento e para agradecer pessoalmente a doação, um trabalho inestimável.
Segundo Coli, um dos aspectos mais interessantes é que a obra reúne um livro objeto de 37 páginas que envolve as artes plásticas e a linguagem, criando uma espécie de intertextualidade. “Maria Bonomi é um nome internacionalmente conhecido, premiado, tem um papel político simbólico e é uma artista de primeira grandeza”, expressou.
A matriz, explica ele, é única e funciona como um carimbo. “É rara e tem grande valor artístico. E mais: não só requer o domínio da técnica, mas exige da artista inclusive esforço físico para entalhar a madeira”, realçou. “Logo, só temos a agradecer a generosidade pela doação.”
De acordo com ela, este evento abre uma série de outros que vão ocorrer ao longo do ano. Além da matriz e do livro objeto, foi produzido o vídeo “O elogio da xilo”, dirigido por Valter Silveira e declamado pela atriz Bete Coelho, pelo cantor Arnaldo Antunes e pelo poeta Haroldo de Campos, autor dos poemas que acompanham a exposição. Veja um trecho do poema de Haroldo de Campos, escrito especificamente para a obra de Bonomi:
O aquilo
O doce
Morder do
ferro
Na eira
na beira
no belo
Da madeira