Nos 50 Anos do Golpe, dissertação do
IFCH recebe Prêmio Memórias Reveladas
19/03/2014 - 11:08
- Text:Da Redação
- Images:
- Images Editor:

Às vésperas dos 50 Anos do Golpe Militar, a historiadora Pâmela de Almeida Resende conquistou o Prêmio Memórias Reveladas com a dissertação “Os vigilantes da ordem: A cooperação DEOPS/SP e SNI e a suspeição aos movimentos pela anistia (1975-1983)”, defendida sob a orientação do professor Fernando Teixeira da Silva, no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). A dissertação foi destacada pelo Jornal da Unicamp na edição 564, de junho de 2013, e demonstra que a decisão pela “abertura lenta, gradual e segura” no Brasil não impediu que parte da comunidade de informações persistisse na vigilância diária e sistemática de pessoas que faziam oposição ao regime civil-militar.
Memórias Reveladas é um concurso de monografias com base em fontes documentais referentes ao período do regime que durou de 1964 a 1985. É também a denominação do Centro de Referência das Lutas Políticas no Brasil, institucionalizado pela Casa Civil da Presidência da República e implantado no Arquivo Nacional com a finalidade de reunir informações sobre os fatos da história política recente do país. Por decreto presidencial de 2005, ali estão os acervos dos extintos Conselho de Segurança Nacional, Comissão Geral de Investigações e Serviço Nacional de Informações, antes sob custódia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
“Os documentos que pude pesquisar desconstroem a visão de que a repressão, a tortura e a vigilância foram práticas pontuais em períodos de maior violência, como em 1968, num contexto de combate à luta armada. A vigilância pode ter sido diferente em alguns momentos, mas sempre esteve presente”, disse Pâmela Resende, que realizou exaustiva pesquisa nos arquivos do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (DEOPS-SP) e do Serviço Nacional de Informações (SNI). “A ideia de que durante o período de distensão houve um afrouxamento do trabalho de vigilância não se sustenta ao nos debruçarmos sobre os documentos do período.”
Outra imagem construída na memória pública, e desconstruída por Pâmela Resende, refere-se à do presidente Médici como o responsável pelos anos de maior repressão – “o que realmente foi” – e de Geisel, o sucessor que iniciou a distensão política, como um moderado pouco afeito às correntes radicais das Forças Armadas – “o que não é verdade”. “O ano de 1974, o primeiro de Geisel, ficou marcado pelo registro de 54 desaparecidos e um morto oficial. Houve um mascaramento do sumiço de corpos, sem que fosse permitido às famílias o direito de sepultar seus entes, imprimindo uma normalidade institucional ao governo.”Ainda sobre o governo Geisel, Pâmela Resende considera que apesar da atuação ativa de uma parte da corporação descontente com a abertura política, não é possível tirar a responsabilidade do alto escalão militar por atos cometidos naquele momento como as mortes do jornalista Vladimir Herzog e do operário Manoel Fiel Filho nas dependências do DOI-Codi [Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército], e em circunstâncias bem semelhantes.
Nesta edição do Memórias Reveladas foram igualmente premiados os trabalhos “Dossiê Itamaracá: Cotidiano e resistência dos presos políticos da Penitenciária Barreto Campelo, na Ilha de Itamaracá-PE (1973-1979)”, de Joana Santos Rolemberg Côrtes; e “Os protagonistas do Araguaia: trajetórias, representações e práticas de camponeses, militantes e militares na guerrilha”, de Patrícia Sposito Mechi.
Comentários
Que bom. Muito interessante a
Que bom. Muito interessante a pesquisa. Aliás, ela está disponível ou existe versao virtual? Eu sou mestrando e também pesquiso o DEOPS paulista. Especificamente a espionagem promovida ao ARENA.