'Música no
Campus' traz
sons regionais
e italianos ao
gramado do IB
28/04/2014 - 14:14
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Uma tarde ensolarada e um friozinho no final da tarde de típico de outono foram o pano de fundo de mais uma edição do projeto Música no Campus, que aconteceu neste último sábado (26) no gramado do Instituto de Biologia, no campus de Campinas. O prelúdio de inverno foi a desculpa para que o público pudesse vir agasalhado para se aquecer com o som regional do grupo Conversa Ribeira e da cultura italiana resgatada pelo grupo Taranta Brasiliana, acompanhado pelos músicos Edu Guimarães e Stefano Cortese.
A música e a cultura caipira são o mote das pesquisas do grupo Conversa Ribeira, formado há cerca de 14 anos na biblioteca do Instituto de Artes da Unicamp. Formado pela vocalista Andrea dos Guimarães, o pianista e acordeonista Daniel Muller e pelo violeiro João Paulo Amaral, todos ex-alunos do curso de música, o Conversa Ribeira se aprofunda na pesquisa das músicas do interior paulista, motivados pelas lembranças que as modas de viola e causos trazem para eles, em especial com músicas que não são tão conhecidas e desenvolvendo novos arranjos.
"Nosso primeiro disco foi releitura de clássicos da música caipira de raiz, moda de viola e cateretê. No segundo, trabalhamos alguns clássicos, mas já incluímos composições próprias e de músicos da nova geração”, conta João Paulo. O grupo lançou dois discos, o 'Conversa Ribeira' em 2006, e o 'Águas Memórias' de 2013.
Entre os que estavam curtindo o som do Conversa Ribeira estava Cláudia Regina Santa Silva, que começou a acompanhar as apresentações do projeto Música no Campus no ano passado. "Nessas atividades de final de semana podemos ver que tem uma infraestrutura e atividades culturais abertas para todos, mesmo quem não está diretamente relacionada a universidade", destaca Cláudia, acompanhada do marido Tarcísio Torres Silva e da sua filha Gabriela Santa Silva. "Achamos muito legal trazê-la, pois já é uma forma de poder ter acesso à boa música"
A primeira edição da Música no Campus aconteceu em 2011, no aniversário de 45 anos da Unicamp, e desde 2012 se tornou um evento fixo mensal. A partir deste ano passou a acontecer também nos campi de Limeira e Piracicaba, explicou a funcionária da universidade Maria Luísa Fernandes Custódio, uma das organizadoras do projeto. “A cada nova edição estamos inovando. Pretendemos melhorar sempre, e hoje nós temos nosso público cativo, que espera pelo evento”, conta Luísa. Em 2014 serão dez edições em Campinas, quatro em Limeira e duas em Piracicaba.
Enquanto alguns dos visitantes do projeto voltam para as edições seguintes, outros acabam indo assistir pela primeira vez e gostando, como o engenheiro mecânico Fernando Pain e sua esposa Rosa Mônica. Eles acabaram sabendo do evento por uma dica do professor de violão de Fernando e curtiam a tarde no gramado do IB. "A universidade tem que estar aberta e realizar atividades para a comunidade”
A segunda apresentação da tarde foi do grupo Taranta Brasiliana, composto pela cantora e bailarina Daniela Morais, formada em dança pela Unicamp e pelos músicos Alexandre D`Antonio e Alfredo Rezende, formados no curso de música da Unicamp, e André Victor Lucci Freitas, professor do próprio IB. Nessa apresentação eles estavam acompanhados do músico italiano Stefano Cortese, que há cinco anos reside no Brasil.
"Todos nós amamos esses tipo música, a alma dessas músicas e das danças italianas, mas não tem ninguém fazendo esse tipo de som no Brasil", diz Daniela Morais, explicando a iniciativa de montar o grupo há quase dois anos. "Navegamos pela apropriação dessa linguagem, de poder se expressar musicalmente, e nisso o Stephano ajuda a desenvolvermos um caminho próprio". Eles conheceram o músico Stephano Corteze há cinco anos, num curso de música mediterrânea em São Paulo e desde então eles vêm trabalhando juntos numa série de parcerias.
"A cultura italiana é mais conhecida no Brasil pela comida e pelo cinema, mas a tradição das músicas não são tão conhecidas, em especial as do sul da Itália." diz Stefano Cortese, que já pesquisava música popular antes de vir morar no Brasil para morar na Chapada Diamantina, na Bahia. Eles tocaram no repertorio do show músicas da região Campânia e da Calábria, em especial a tammurriata, tarantella e pizzica, com destaque para a dança apresentada pela cantora Daniela.
Divertindo-se com um grupo de amigos durante a apresentação, a professora Renata Rossini e estudante de pós-graduação da Faculdade de Educação, elogia o Música no Campus, que já tinha vindo em outras oportunidades e sugere mais eventos: "Deveria ter mais atividades deste tipo, fazendo a interação entre a comunidade e o campus. A maioria do pessoal aqui não é da Unicamp ou já foi."
A curadoria do Música do Campus é responsabilidade do produtor Fernando Vasconcelos, que se dedica a ir atrás de alunos e ex-alunos que tenham passado pela universidade, como uma forma de mostrar à comunidade a produção artistica da Unicamp e aos alunos dos cursos de música o mercado de trabalho. "Eu procuro mostrar varios estilos de trabalho. Já tivemos música celta, choro, samba de roda, jazz. Aqui temos um outro tipo de música que o público não tem acesso nem na televisão nem toca nas rádio. É uma forma de abrir um canal para que os musicos possam apresentar o trabalho que eles estão desenvolvendo", explica Fernando. "O público está aumentando cada vez mais. Com o aumento de crianças demandou a vinda de um pipoqueiro. E pensamos em desenvolver brincadeiras para as crianças enquanto os pais assistem ao shows. E para as crianças é uma forma deles terem outro tipo de formação sonora". A próxima edição do Música no Campus está marcada para o dia 31 de maio no campus de Barão Geraldo, com a banda Telecoteco e Maria Sole Gallevi & Hot Jazz.
Outra que costuma acompanhar sempre o projeto é a professora Laura Rifo, do Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc), que elogia a iniciativa de abrir o espaço da universidade para o público externo. "A música é de excelente qualidade, os artistas são muito bons e é uma oportunidade para podermos conhecer a música que é produzida aqui. Eu gosto de conhecer coias novas, acho maravilhoso".