Professor visitante pesquisa hipótese
para sobrevivência dos neurônios

07/05/2014 - 16:55

/
O professor visitante Sergiy Kyrylenko

O professor visitante Sergiy Kyrylenko

Palestra organizada pela PRP na sala do Consu

Palestra organizada pela PRP na sala do Consu

No metabolismo energético celular, ou seja, nas reações químicas que ocorrem na célula relacionadas com a produção de energia, pode estar o segredo para a sobrevivência e regeneração do neurônio. A hipótese é fruto das pesquisas desenvolvidas pelo pesquisador e docente Sergiy Kyrylenko, que está há oito meses na Unicamp, vinculado ao Laboratório de Regeneração Nervosa do Instituto de Biologia (IB). Ucraniano com cidadania finlandesa, Kyrylenko desenvolvia seus estudos na República Tcheca e veio para a universidade através do Programa Professor Visitante do Exterior (PPVE). Na manhã desta quarta-feira (7), ele deu uma palestra na sala do Conselho Universitário (Consu), organizada pela Pró-Reitoria de Pesquisa.

“Nossa preocupação é transmitir os conhecimentos que o professor tem. A intenção das pesquisas relacionadas ao neurônio é sempre conhecer como é o processo de regeneração da célula. O docente traz os fatores de nutrição envolvidos, como isso acontece e que fluxo de energia é necessário para garantir o processo”, afirmou a pró-reitora de Pesquisa, Gláucia Pastore. A professora salientou a importância das descobertas na área. “Queremos fazer um pool de trabalhos voltados aos estudos do neurônio, pois a célula está relacionada às questões das lesões e da velhice, muito importantes atualmente”.

De acordo com Kyrylenko, traumas ou doenças como Alzheimer, Huntington ou Parkinson afetam os neurônios e são responsáveis por sua degeneração. “Nossa principal hipótese de trabalho é que o neurônio deve estar envolvido em atividades para que sobrevivam”. O docente explicou que, apenas os neurônios envolvidos ativamente no processamento de energia podem sobreviver e, quando desconectados do órgão alvo por lesões ou traumas, morrem porque não podem mais funcionar. “Essa hipótese ainda não é popular. Hoje a morte neuronal é explicada principalmente por fatores neurotróficos, que são moléculas que atuam nos neurônios fazendo com que eles sobrevivam e que são produzidas pelos órgãos relacionados”, frisou.

O objetivo dos estudos é entender os parâmetros de energia importantes para fazer com que os neurônios “sintam” que continuam em atividade e, dessa forma, desenvolver fármacos adequados. O professor Alexandre Rodrigues de Oliveira, responsável pelo Laboratório de Regeneração Nervosa explica que “a desconexão do neurônio que sofre um trauma com o músculo que ele inervava gera uma série de disfunções metabólicas na célula e ainda não se sabe muito bem o limite dessas alterações que determina a sobrevivência ou a morte do neurônio”.  O interesse das pesquisas é entender quais são as moléculas e os mecanismos relacionados com a possibilidade de sobrevivência neuronal.

Os pesquisadores do laboratório desenvolveram modelos de reparo do sistema nervoso que eventualmente permitem a regeneração do neurônio. “São métodos que reintegram a conexão do sistema nervoso central e periférico e, havendo essa possibilidade, podemos estudar a parte metabólica e tentar otimizar esse processo regenerativo”, complementou.

As pesquisas desenvolvidas pelo professor visitante juntamente com a equipe do laboratório, também envolvem células-tronco de origem embrionária humana. Sergiy Kyrylenko trouxe para a Unicamp uma linhagem cultivada no exterior e modificada geneticamente, com o objetivo de produzir quantidades maiores de fatores que protegem os neurônios.

“Além do cultivo, o pesquisador fez a modificação das células de origem humana. O estabelecimento dessas culturas celulares transgênicas foi feito de acordo com os parâmetros éticos e foi realizado um processo legal para a importação para o Brasil. É um trabalho bem inovador”, concluiu Oliveira.