Brasil deve liderar a produção
de etanol de segunda geração

15/05/2014 - 10:37

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Mesa de abertura do Fórum

Mesa de abertura do Fórum

Fórum sobre bioetanol de segunda geração

Fórum sobre bioetanol de segunda geração

Público no Fórum sobre bioetanol

Público no Fórum sobre bioetanol

O palestrante Márcio Rebouças

O palestrante Márcio Rebouças

Palestra de Márcio Rebouças

Palestra de Márcio Rebouças

O gerente de desenvolvimento de processos da GranBio, Márcio Rebouças, disse que a sua empresa investirá cerca de 4 bilhões de reais até 2020 no projeto do etanol de segunda geração, o qual terá capacidade anual de produção de 82 milhões de litros. A empresa, cuja planta está instalada no Estado de Alagoas e que foi colocada em pé em prazo recorde de um ano, será a primeira fábrica de etanol do Brasil e do Hemisfério Sul. Ela deve iniciar em breve suas operações em escala comercial. "Vejo que o Brasil pode assumir essa liderança, pois é uma grande oportunidade. Inclusive, se o país não se posicionar, ele ficará para trás", ressaltou Márcio Rebouças durante o Fórum Permanente Ciência Tecnologia e Inovação da Unicamp, realizado no Centro de Convenções da instituição nesta quinta-feira (15). O evento foi organizado pelo CPQBA e promovido pela Coordenadoria Geral da Universidade (CGU).

O especialista, que trabalhava anteriormente na Braskem e que se dedicava à indústria petroquímica, abordou no Fórum os desafios da inovação na indústria da segunda geração. Afirmou que a expertise desenvolvida com o etanol de primeira geração, sobretudo na década de 1970, ajudou a impulsionar o de segunda. Mas em sua opinião esse é o momento de arrancar e transfomar esse novo produto em algo real e nacional, visto que, nos últimos três anos, o setor industrial não está mantendo-se suficientemente forte. Logo, esse etanol seria uma das alternativas para aliviar a crise que afeta o setor sucroalcooleiro, que colabora para um aumento da produtividade das usinas. "Vão ter ganho de competitividade as usinas que adotarem esta tecnologia", garantiu o palestrante.

Márcio conta que a GranBio tem na palha de cana a sua matéria-prima, mas que está buscando outras variedades. E outras possibilidades que têm sido adotadas são biomassa a partir do trigo, do milho, do resíduo de milho e de uma espécie de capim. "Pretendemos acessar o açúcar que está na fibra e tentar o melhoramento genético", conta. Os estudos avançam rumo a esse melhoramento para produzir as plantas com mais fibras e diferentes níveis de sacarose, como a cana energia, que difere da cana tradicional pelo fato de não ser destinada apenas ao setor sucroenergético, mas também para outros setores. O etanol celulósico é uma tecnologia já desenvolvida na planta da GranBio. A sua obtenção ainda encontra alguns gargalos de caráter tecnológicos, uma vez que o material lignocelulósico apresenta uma estrutura complexa a qual precisa ser destruída de maneira a liberar os açúcares a serem transformados em bioetanol.

Conforme Márcio Rebouças, "a cana energia resulta em uma cana com mais quantidade de fibras e variação na quantidade de açúcar. Sua particularidade é o fato de ser mais fina, mais alta, ter um caldo menos rico, porém maior produção por hectare (três vezes a produção da cana comum) e poder ser plantada em áreas degradadas", compara. "Contudo, o que vai permitir dar um salto será conseguir que a palha chegue à indústria a um preço mais competitivo."

O primeiro grande desafio para o etanol de segunda geração será converter essa biomassa, que está estável na natureza, e buscar a tecnologia pré-tratamento. É que essa estrutura precisa ser rompida para ter acesso aos açúcares. Outro desafio está na logística da biomassa, para torná-la eficiente, já que ela pode impactar negativamente a qualidade do processo.

A GranBio foi fundada em 2011. O centro de P&D da empresa fica situado em Campinas, no Technopark, voltado ao desenvolvimento de leveduras. O Fórum Permanente prossegue à tarde com a seguinte programação.