Pouco valorizado, ‘saber docente’ requer
compreensão da experiência e memória
10/06/2014 - 15:45
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Pouco valorizado, sobretudo pelas instâncias políticas, o “saber docente” precisa ser compreendido a partir da experiência e da memória. A posição foi defendida pela professora Diana Gonçalves Vidal, da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), durante a abertura do Fórum Permanente Educação e Desafios do Magistério, organizado pela Unicamp nesta terça-feira (10). O evento reuniu diversos especialistas no Centro de Convenções da Universidade para discutir a temática da Docência e Memória: escritas e lembranças da educação.
“As instâncias políticas valorizam muito pouco o saber docente, que vem da experiência e da memória. Há sempre aquela coisa de que o professor não sabe ensinar... Quando, por exemplo, o docente se contrapõe a algumas das normativas, ele está sendo rebelde ou, por outro lado, se não contrapõe, está sendo tradicionalista, conservador. Mas existe um 'saber docente' que é constituído pela prática e que, sem ele, o professor não consegue ensinar e resolver os conflitos cotidianos. Não existe maneira nenhuma, em qualquer faculdade de educação do mundo, de preparar o docente para todas as situações que ele vai encontrar em sala de aula. O saber do professor é um saber híbrido, constituído por aquilo que ele aprende formalmente, mas também pelo que ele vive e encontra no seu cotidiano”, falou a educadora durante o evento.
Ainda de acordo com Diana Vidal - especialista em história da educação, com pós-doutoramentos no Instituto Nacional de Pesquisa Pedagógica, da França, e na Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha - é preciso pensar o “saber docente” a partir das várias experiências que o professor adquire ao longo da vida, desde a sua trajetória como aluno. “Ele aprende a ser professor como aluno. É naquele momento que ele começa a incorporar modelos de docência positivos e negativos que ele vai usar depois. As instituições de formação também são outro momento de experiência docente. Há também o convívio com os pares, a relação com a família, as relações de gênero... E a partir de tudo isso que vai se produzindo a identidade de professor. Portanto, o magistério pode ser uma prática que se reinventa cotidianamente.”
A proposta de organizar um Fórum Permanente sobre o papel da memória no exercício da docência é discutir a relevância política do trabalho em educação, explica André Luiz Paulilo, docente da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp e um dos organizadores dos debates. Paulilo foi orientado no mestrado e doutorado pela professora Diana Vidal. “A ideia do evento nasceu dentro do Centro de Memória da Faculdade de Educação. O objetivo é trazer esta discussão para entender como a memória pode esclarecer um pouco sobre o trabalho no presente e apontar perspectivas para o futuro”, pontuou.
A abertura do evento contou também com a presença do assessor da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), José Marcos Pinto da Cunha; da coordenadora-associada da FE, Ana Luiza Bustamante Smolka; do presidente da Associação de Leitura do Brasil (ABL), Antonio Carlos Amorim; e do editor-executivo do Jornal Correio Popular, Marcelo Pereira. Os Fóruns Permanentes Desafios do Magistérios são organizados pela FE, ABL, Rede Anhanguera de Comunicação (RAC), e, sistematizados pela CGU.
Comentários
Excelente! Apesar de
Excelente! Apesar de aposentada vibro muito com produções que tratem temas pelos quais tanto lutei para valorizar e não ter sido capaz de registrá-los.Parabéns Professora Diana!Estou no meu canto por não acreditar em muitas iniciativas que querem do educador apenas reprodução de alguns modelos sem valorizar a sua, a partir do seu cotidiano.