Finep detalha programa ambicioso

05/08/2014 - 08:51

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Presidente da Finep apresenta o PNPC na sala do Consu

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Reitor José Tadeu Jorge conduz o concorrido evento

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Meta é aproximar o país da fronteira do conhec imento

Meta é aproximar o país da fronteira do conhec imento

Dirigentes, professores e pesquisadores da Unicamp ouviram com atenção a apresentação do Programa Nacional de Plataformas do Conhecimento (PNPC), feita pelo professor Glauco Arbix, presidente da Finep, na manhã desta segunda-feira na sala do Conselho Universitário. O PNPC foi instituído pela presidente Dilma Rousseff através do decreto 8.269, de 25 de junho último, com o ambicioso objetivo de aproximar o Brasil da fronteira do conhecimento. “Apesar do salto conseguido nos últimos anos, é fundamental que não pensemos apenas em fazer mais do mesmo”, afirmou Arbix, que veio à Unicamp atendendo ao convite da Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP). 

O programa visa articular a produção gerada nas universidades e instituições de pesquisa, das empresas e as ações governamentais. Uma das metas é criar, no prazo de 10 a 20 anos, plataformas de conhecimento em áreas como agricultura, saúde, energia, aeronáutica, indústria naval e tecnologia da informação e comunicação, dentre outras. Também estão previstas medidas para atrair profissionais altamente qualificados do exterior; dotar as instituições (inclusive a serem criadas) de infraestrutura de pesquisa de classe mundial; viabilizar e apoiar o trabalho em rede, com ancoragem institucional nas várias plataformas; dotar as plataformas de regime especial de compra e contratação de pessoal; e envolver e facilitar o acesso à pesquisa de ponta para gerar novos talentos. 

Esclarecendo que o PNPC é um programa do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação [MCTI] e não apenas da Finep, Glauco Arbix comparou os indicadores do Brasil com os externos, basicamente da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, formado por 34 países majoritariamente desenvolvidos), para justificar porque o Brasil não pode se limitar a “fazer mais do mesmo”. “Ficando apenas no exemplo da produção de papers em revistas indexadas e considerando a média dos últimos cinco anos, em que tivemos um avanço muito grande, vamos levar 32 anos para atingir a média de hoje da OCDE.” 

O presidente da Finep defende que “não fazer mais do mesmo” é uma questão chave para impulsionar a pesquisa em ciência, tecnologia e inovação nas universidades e nas empresas. “Sem concentrar esforços e investimentos, sem aumentar e elevar a ambição científica e tecnológica, sem modificar a escala do que produzimos, nós vamos viver uma situação de apuro muito grande, pois este descompasso só tende a crescer. Este programa traz mudanças muito profundas, em todos os níveis.” 

Segundo Glauco Arbix, o decreto presidencial define as plataformas do conhecimento como arranjos público-privados para adquirir competências com base em uma infraestrutura de ciência, tecnologia e inovação de última geração. “Isso é muito diferente de simplesmente construir uma rede, pois está ancorado numa instituição-mãe que pode ser nucleadora de empresas, centros de pesquisa e redes nacionais e internacionais. Enfatizo a questão da internacionalização por acreditar que, em várias áreas da nossa ciência, não conseguiremos dar o salto de que precisamos isoladamente, só com brasileiros.” 

Outro aspecto do PNPC ressaltado pelo presidente da Finep é a inversão de uma lógica que pauta a ciência e a produção de tecnologia no Brasil há décadas. “Salvo experiências isoladas, a lógica não é da resolução de problemas. Normalmente, a lógica vem das universidades e das empresas para as agências de fomento ou para o BNDES. A inversão é que, agora, quem pauta a demanda é o poder público, conforme temas de interesse para a ciência, a economia e a sociedade, como por exemplo, o desenvolvimento de uma vacina. O Estado é que pauta por decreto, abre a concorrência pública e os candidatos se articulam como for necessário e de acordo com a lei.” 

Arbix observa que estão sendo feitas mudanças bastante profundas e em todos os níveis, com a multiplicação por sete do orçamento voltado à inovação e a  criação de 12 famílias de projetos temáticos. “Um programa na área de fármacos pretende formar uma verdadeira indústria brasileira, hoje com ação muito calcada em medicamentos genéricos. Só na área de biofármacos, a Finep está investindo 2 bilhões de reais. Estamos falando de projetos de um bilhão de reais para dez anos – nunca ouvi alguém dizer que coordenou um projeto deste porte.” 

A professora Gláucia Pastore, pró-reitora de Pesquisa, disse que a comunidade científica da Unicamp vinha aguardando as informações sobre o PNPC com ansiedade e espírito participativo, e que agora ela vai ser ouvida para dirimir dúvidas e se preparar para o edital a ser lançado. 

O professor Alvaro Crósta, coordenador-geral da Universidade, também destacou que o programa vem suscitando grande interesse desde a gestação até seu anúncio pela presidente Dilma Rousseff. “Não é diferente na Unicamp, justamente por termos uma tradição de forte interação entre a pesquisa acadêmica e sua aplicação por empresas. Muitos dos responsáveis por isso estão aqui presentes e, portanto, é uma excelente oportunidade para melhor entendermos um programa tão significativo pelos volumes investidos e pela forma como está sendo articulado. É uma experiência inédita em nossa história e que, estou certo, vai atrair o interesse de muitos de nós na Unicamp.”