Morre o
professor
Vítor
Baranauskas
08/10/2014 - 11:18
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Faleceu nesta quarta-feira (8) o docente da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) Vítor Baranauskas, aos 62 anos, quando se recuperava de uma cirurgia. O velório acontece nesta quinta-feira (9) no Cemitério Parque Flamboyant, a partir das 9 horas, e o sepultamento às 13 horas. Baranauskas era professor titular da Unicamp, casado com a docente do Instituto de Computação (IC) Maria Cecilia Calani Baranauskaus e deixa uma filha, Cibele. “Ele foi um grande pesquisador, formador de pesquisadores em microeletrônica e ajudou a encaminhar para o mercado de trabalho mais de 60 orientandos no Brasil e no exterior. Estava na Universidade de Campinas há pelo menos 40 anos", disse o professor José Antenor Pomilio, diretor da FEEC.
José Antenor comentou que Baranauskas atuou na vanguarda da microeletrônica que, aos poucos, avançou para a nanotecnologia, desenvolvendo trabalhos de ponta em parceria com colegas de outros institutos e faculdades. Segundo ele, o docente fez discípulos e, nesse sentido, o seu trabalho perpetua o seu conhecimento. “A FEEC se orgulha muito de ter tido em seu corpo docente um ser humano como Vítor Baranauskas”, disse. "Deixa um grande legado acadêmico para a Unicamp e o Brasil."
Há décadas, Baranauskas alertava para o risco da telefonia celular, sobretudo nos primeiros anos em que a antena do aparelho era externa. Ele via o assunto como uma ameaça que poderia causar danos irreversíveis à saúde humana. “Pesquisas feitas com ratos em laboratórios comprovaram que o cérebro absorve as ondas eletromagnéticas, que, tornando-se porosas com o tempo, destroem a massa encefálica”, explicava. Isso sem falar no desenvolvimento de diferentes tipos de câncer e até catarata, numa época que pouco se sabia sobre os efeitos dos celulares.
Autor do livro O Celular e seus Riscos, Baranauskas dizia que “era um erro submeter isoladamente células sanguíneas à radiação emitida pelos aparelhos celulares. Essa radiação deve ser analisada no corpo como um todo”, defendia. “Nossa cabeça não tem proteção contra correntes eletromagnéticas. Quando usamos o celular, há um aquecimento cerebral que pode ser compensado pelo organismo, ou não, se houver uma anomalia”, argumentava.
Baranauskas também liderou um projeto, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que trouxe à luz os primeiros diamantes sintéticos do mundo, fabricados a partir do álcool da cana-de-açúcar. Um dos resultados desta aplicação é a fabricação de vidros de plásticos revestidos por diamante, mais resistentes, impossíveis de serem riscados.
Experiência
O docente graduou-se em Engenharia Eletrônica (modalidade Telecomunicações) pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1975) e em Física pelo Instituto de Física da Universidade de São Paulo (1976). Foi mestre, doutor e livre-docente pela Universidade Estadual de Campinas. Foi professor conferencista no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (1985) e professor visitante da University of Oxford, na Inglaterra. Realizou a Cátedra Unicamp-Santander nas Universidades Complutense de Madri e Politécnica de Madri (2006-2007). Em 2012, foi eleito membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e era membro titular da Academia de Ciências do Estado de São Paulo.
Participou da comunidade científica internacional em nanotecnologia, representada como membro conselheiro da ICNT (International Conference on Nanoscience and Technology), da ICPEPA - International Conference on Photo-Excited Processes and Applications, entre outras. Desenvolveu e orientou pesquisa de base e interdisciplinar nos seguintes temas: interação da radiação eletromagnética com sistemas biológicos, tecnologia do diamante e nanopartículas, desenvolvimento de próteses ósseas e de cartilagem com polímeros misturados com nanopartículas, sensores de silício poroso e óxidos transparentes, microscopia de tunelamento e força atômica.
Leia algumas pesquisas de Vítor Baranauskas no Jornal da Unicamp:
Nanoengenharia
Veja o último texto publicado no Jornal da Unicamp:
Comentários
O Prof. Vitor foi um
O Prof. Vitor foi um Cientista Exemplar. Deixo o meu sincero agradecimento ao Mestre e Amigo, e meus sentimentos a todos os amigos e familiares...
Prof Vitor Baranauskas
Fica a tristeza de perder um cientista tão brilhante no Brasil, como o Prof. Baranauskas, mas ao mesmo tempo a alegria de poder ter convivido com ele. Os sentimentos à Profa Cecília neste momento difícil.
Ontem o Professor Vitor
Ontem o Professor Vitor Baranauskas completaria 63 anos.
Tive o privilégio de tê-lo como orientador e receber seus ensinamentos, a partir de sua visão tão brilhante do universo, da observação da natureza, do empirismo para encontrar as respostas pros nossos questionamentos.
Soube dos Trabalhos deste
Soube dos Trabalhos deste grande cientista brasileiro em 1990, através de uma entrevista na Rádio Nacional de Brasília e do Rio de Janeiro, e tratava da preocupação com a chegada dos primeiros celulares no Brasil. Um homem de virtude e coragem!