A cerimônia de comemoração da tese de doutorado nº 1000 da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação contou com a presença de ilustres pioneiros do programa de pós-graduação que em 42 anos de existência se consolidou como o maior do Brasil nesta área. Foram homenageados os professores Celso Pascoli Bottura, o primeiro doutorado pela FEEC, em 19 de dezembro de 1973; Yaro Burian Junior, orientador da tese; e Hermano Tavares, ex-reitor da Unicamp, que orientou outra tese em engenharia elétrica defendida semanas antes, em 1º de setembro, mas na Faculdade de Engenharia de Campinas, fora deste programa de pós-graduação. O autor da tese 1000 é Gilliard Nardel Malheiros Silveira, orientado pelo professor Hugo Figueroa. 

O professor Celso Bottura, que concederia a conferência intitulada “Reflexões sobre Pós-Graduação, Pesquisa e Desenvolvimento no Brasil”, adiantou que apresentaria uma visão bastante pessoal sobre o tema. “Em 1962, eu estava terminando engenharia aeronáutica no ITA [Instituto de Engenharia Aeronáutica] quando meu orientador do trabalho de conclusão de curso me ofereceu uma bolsa de estudo para o mestrado nos Estados Unidos. Respondi que se ele me arrumasse um estágio num fábrica de aviões e me explicasse o que era mestrado, poderia até aceitar; acho que pouquíssimas pessoas sabiam o que era pós-graduação. Soube que o primeiro mestrado no Brasil seria defendido em 63, no ITA”, brincou. 

Bottura ainda estava no quarto ano quando descobriu que seus colegas de engenharia eletrônica estudavam “uma coisa chamada controle” e elogiavam a excelência do curso. “Eu me interessei e acabei fazendo minha vida nesta área. Viajei para o mestrado em mecânica na Purdue University, em Indiana, e uma série de circunstâncias contribuíram para que voltasse e criasse um grupo de instrumentação e controle na engenharia mecânica do ITA. Quando a Unicamp ainda estava começando suas atividades, fui convidado a fazer a mesma coisa aqui. E por outra série de circunstâncias acabei na Engenharia Elétrica”, conta o homenageado, que se aposentou, mas permanece em atividade como professor colaborador, a exemplo do orientador Yaro Burian. 

O professor José Antenor Pomilio, diretor da FEEC, falou sobre a felicidade de poder festejar a marca de 1000 com a presença dos autores da primeira tese. “Eles estão representando os mil doutores que tivemos a oportunidade de formar, além de mais de 2.200 mestres. Certamente, a faculdade é a primeira a atingir essa marca no país. Embora não tenhamos os números exatos (nem a Capes registra dados de quando tudo começou, nos anos 60), a estimativa é que respondemos por um quarto dos doutores formados nesta área ao longo dos 42 anos do programa de pós-graduação. Isso representa uma grande responsabilidade, pois significa que grande parte dos professores que hoje estão trabalhando em outras universidades do país e do exterior passaram por aqui.”