Improvisação refinada marca
o evento Música no Campus
01/12/2014 - 11:27
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Livre acesso e boa música. Com esse convite no cartaz e com a tão comemorada volta da chuva, que molhou o gramado no dia anterior, o público compareceu a mais um evento Música no Campus no Gramado do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp na tarde do último sábado (29). O encontro reuniu mais de 150 pessoas no penúltimo encontro do ano em Campinas. Esse projeto, que existe desde 2011, é promovido pelo Gabinete do Reitor (GR) e pelo Centro de Integração, Documentação e Difusão Cultural (Ciddic). O Quarteto Monjaz e Martin Lazarov & Bálcan Neo foram as atrações do dia.
Maiara Felix e o namorado Pietro Nogueira, aluno do Instituto de Física “Gleb Wataghin” (IFGW) chegaram cedo para garantir um bom lugar. Ficaram logo na primeira fila, bem de frente para o palco. Pietro fez o convite e Maiara aceitou. Vieram ao evento pela primeira vez, apesar de Pietro morar muito perto do Gramado do IB. Os dois gostam de jazz e apreciaram o momento a dois com boa música. Mas não foram apenas eles que vieram pela primeira vez nesse show no campus. Cristina Antunes, uma portuguesinha que está fazendo pós-graduação no IB, há dois meses, não quis perder a atração musical. Ela faz doutorado em Ecologia na Unicamp e veio acompanhada da mestranda Cíntia da Silva, esta sim uma habituée nos eventos Música no Campus. Cristina conta que na Universidade de Lisboa não há muitos eventos ao ar livre dentro do campus, até porque a estrutura da sua Universidade é diferente da que tem a Unicamp. Cíntia tem a mesma orientadora de Cristina, na área de Ecologia.
A tarde era mesmo dos pós-graduandos. Logo chegou Francisco Carpegiani, que faz doutorado no Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc), amigo das duas pós-graduandas. Ele disse que em geral o pessoal da graduação viaja no fim de semana e que "é uma pena que as pessoas que moram nas redondezas percam música da qualidade que é mostrada aqui. Deveriam vir mais”, disse.
Monjaz
A sonoridade do Quarteto Monjaz encantou a plateia. Alguns instrumentos incomuns como uma tabla indiana, um vaso udu e um flugelhorn atraíram a atenção de curiosos, pensando se tratar de instrumentos fruto de improvisação, já que alguns integrantes do Monjaz sofreram forte influência do músico Hermeto Pascoal, o mago na improvisação, com quem trabalharam.
O Quarteto é composto pelo violonista Ricardo Matsuda, pelo trompetista Rubinho Antunes, pelo contrabaixista Rui Barossi e pelo músico Fabio Bergamini na percussão. Ricardo Matsuda atuou mais de cinco anos no grupo Ânima, além de ter experiência internacional como compositor e arranjador incluindo o grupo Yanagasse Daiko do Japão. O trompetista Rubinho Antunes, recém-chegado da França, onde atuou com grandes nomes do Jazz europeu, tem em sua história quase dez anos tocando com Johnny Alf, além de participar em grupos como Banda Urbana, Comboio, Banda Mantiqueira, JazzCo e Maria Schneider. O contrabaixista Rui Barossi, em sua trajetória de improvisação, criou e pesquisou músicas étnicas de vários lugares do planeta. Toca hoje em grupos como À Deriva, Comboio e Orquestra Mundana. O músico Fabio Bergamini traz para o grupo seus estudos no campo da World Percussion que fez nos EUA (Calarts) e em Moçambique, além de sua vivência na Europa, tocando ao lado do Grupo Madredeus em Portugal.O Monjaz revisita “lugares” e tradições, como a Ibérica, a riqueza dos ritmos latinos e africanos, e a sonoridade da música oriental. O repertório resgata temas e arranjos da cultura brasileira dentro de uma roupagem mais universal, criando uma espécie de world music brasileira, buscando correspondente em Gismonti, Caymmi, Hermeto Pascoal, Milton Nascimento. O quarteto também apresentou composições originais.
Martin Lazarov & Bálcan Neo
Martin Lazarov & Bálcan Neo arrebataram o público com um som bem-trabalhado e em constante ascedência. O grupo tem experimentado a criação de uma fusão entre música dos Bálcãs, música cigana, música instrumental brasileira e até música contemporânea. Direciona sua pesquisa para o folclore do Leste Europeu, com especial destaque para música da Península Balcânica, principalmente da Bulgária. Foi fundado pelo búlgaro Martin Lazarov. Com todo conhecimento da música de sua região – os Bálcãs –, rapidamente encontrou músicos brasileiros que se fascinaram por esses ritmos. Além da Bulgária, o trio executa músicas de países como Albânia, Bósnia, Grécia, Romênia, Montenegro, Macedônia, Turquia, Sérvia, Hungria e música cigana. O grupo é composto pelo búlgaro Lazarov (oboé, corne inglês, zurna, piano e arranjos), Emílio Martins (percussão étnica), Ricardo “Zohyo” Silva (baixo acústico, tambura, buzzuki e violino) e Manú Falleiros (flauta, duduk, sax soprano/alto).
Agenda
Na programação do Música no Campus, ainda haverá no dia 4, às 17 horas, uma apresentação do Grupo Monjaz e Martin Lázaro & Bálcan Neo na Faculdade de Tecnologia (FT), em Limeira. No dia 9, o Grupo Cheio de Dedos e Tatiana Rocha, com o samba da yayá, apresenta-se na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA), às 17 horas, e no dia 13, às 17 horas, no campus de Campinas, exibe-se o lendário guitarrista Howard Alden (EUA) e o bandolinista Almir Côrtes, que se conheceram durante uma jam session em Nova Iorque em 2013.