Labjor
comemora
20 anos de
jornalismo
científico
11/12/2014 - 15:46
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O Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp comemorou seus 20 anos com o simpósio “A questão da imprensa: tecnologia, transparência, autorregulação e desconcentração”, realizado nesta quinta-feira (11). Criado em 1994 no âmbito do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade (Nudecri), juntamente com o Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb), o Labjor tornou-se um dos principais centros de referência em jornalismo científico do país, tendo formado mais de 400 jornalistas, pesquisadores e outros profissionais de várias áreas de atuação.
Como convidados especiais, os fundadores do laboratório: professor Carlos Vogt, seu coordenador, e o jornalista Alberto Dines, editor do Observatório da Imprensa, que representou o terceiro idealizador do projeto, professor José Marques de Melo, da Universidade Metodista de São Paulo. O seminário também teve como palestrantes os jornalistas André Maleronka (Vice Brasil), Carlos Eduardo Lins da Silva (Folha de S. Paulo e Valor Econômico), Eugenio Bucci (Época), Luiz Egypto (Observatório da Imprensa), Marina Amaral (Agência Pública), Mauro Malin (Projor) e ainda o cientista social Rafael Evangelista.
Carlos Vogt, que era reitor da Unicamp quando da criação do Labjor, considera que o projeto evoluiu, transformou-se e está consolidado como uma referência nas práticas de divulgação e de jornalismo científicos. “Fazia parte de nossa ambição implantar um projeto não apenas para a Unicamp, mas que servisse de exemplo também para outras instituições. Fizemos isso, primeiro com um curso de especialização em jornalismo científico e depois com o programa de mestrado que já possui cerca de 50 teses defendidas. E, no próximo ano, esperamos ter o nosso doutorado.”
Lembrando que o Labjor também responde pela produção de revistas e realização de palestras, Carlos Vogt exalta o pioneirismo de se buscar uma identidade acadêmica para as atividades de divulgação e de jornalismo científico. “Desde o início, concebemos um curso que tem como elemento característico a mescla de jornalistas e cientistas, bem como uma mescla de diferentes faixas etárias, a fim de que as turmas possam participar da dinâmica de aprendizagem, ensino e produção. Este é um tempero interessante do projeto.”
Na opinião do reitor Tadeu Jorge, o trabalho desempenhado pelo Labjor, divulgando a ciência de que se ocupam as instituições, é importantíssimo e faz parte da missão da Universidade. “O Labjor veio qualificar esta área formando gente preparada para transmitir informações científicas. Acho inclusive que isso mudou a relação da imprensa com universidades e institutos de pesquisa. Ainda existem problemas, mas os textos de hoje são muito mais cuidadosos e precisos, e os veículos conseguem transmitir conceitos bastante específicos de maneira clara para o público em geral.”
Alberto Dines, que lançou e dirigiu diversas revistas e jornais no Brasil e em Portugal, também foi professor visitante de jornalismo na Universidade de Columbia, onde então floresciam as discussões sobre o jornalismo científico. “O Labjor foi talvez a primeira instituição não corporativa (já havia a ABI e o sindicato) criada na universidade para fazer uma ponte com a sociedade e tratar da mídia, sob todos os aspectos. O jornalismo científico não estava entre as metas iniciais, até começarmos a perceber que havia uma deficiência no noticiário científico da imprensa brasileira. Fizemos um grande seminário sobre jornalismo e saúde com professores da Unicamp e a ideia engrenou, com cursos de mestrado e agora de doutorado.”
Por conta desta especialização, Alberto Dines sugere que se tente retomar o Labjor em seu conceito original, discutindo-se amplamente todas as questões relativas à imprensa e, eventualmente, incluindo outras especializações que para ele estão fazendo falta. “A Imprensa renovou-se tecnologicamente, mas não em matéria de conteúdo. Eu me interesso muito pela própria história da imprensa, das mudanças e suas consequências: a pintura rupestre (que é uma reportagem), a chegada das máquinas de escrever às redações, os primeiros computadores, as máquinas de 35 milímetros, o salto revolucionário do filme com asa 100 para 400. Cada uma destas inovações teve profundas implicações no jornalismo. É uma história que precisa ser contada e também examinada.”