IFCH promove minicurso
sobre teoria da arte feminista
26/03/2015 - 11:32
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Estudantes de graduação e pós-graduação de diferentes áreas do conhecimento e de distintas instituições de ensino estão reunidos na Unicamp para participar do minicurso “Teoria da arte feminista e estudos de gênero: perspectivas de análise da arte contemporânea”, promovido pelo Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). O evento, que começou no último dia 24 e se estenderá até 1º de abril, tem por objetivo criar uma instância de reflexão sobre as análises surgidas a partir das teorias feministas e suas propostas de revisão das bases epistemológicas da História da Arte. As atividades dos dias 31 de março e 1º de abril ocorrerão no Auditório I do IFCH.
O minicurso está sendo ministrado pela professora da Universidade de Buenos Aires (UBA), Maria Laura Rosa, e pela pós-doutoranda do IFCH, Luana Tvardovskas. De acordo com elas, o evento foi dividido em quatro módulos. Neles, são discutidos temas relativos à teoria da arte feminista. Maria Laura lembra que, embora a presença das mulheres na arte seja significativa, a História da Arte registra quase que exclusivamente o trabalho feito por homens.
Segundo ela, há um apagamento da presença feminina na produção artística. “Agora mesmo, há uma mostra no Rio de Janeiro que pretende contar a história da arte no Brasil, mas que só está exibindo obras de artistas masculinos. Ora, não é possível contar a história da arte de um país sem contemplar a contribuição das mulheres nesse campo”, defende.
Luana Tvardovskas acrescenta que a produção feminina é importante, entre outros aspectos, porque revela preocupações e propõe discussões próprias. “Em suas obras, as artistas se posicionam em relação a diferentes temas, como a violência contra as mulheres ou a luta que as mulheres travam contra a discriminação”, exemplifica.
Conforme a professora Margareth Rago, uma das organizadoras do evento, ao se refletir sobre a importância da mulher na arte, é preciso também tomar o cuidado de não fazer referência apenas aos ícones amplamente conhecidos, como Tarsila do Amaral ou Anita Malfatti, no caso do Brasil.
“Embora sejam obviamente artistas importantes, elas não estão sozinhas. Ao nos restringirmos a elas, em boa medida também estamos contribuindo para o processo de apagamento de outras artistas que oferecem contribuições relevantes à arte brasileira, artistas essas que enfrentaram e ainda enfrentam grandes dificuldades para desenvolver seus trabalhos”, pontua. Um dos obstáculos a serem superados em relação a esse apagamento, concordam as três entrevistadas, é o fato de os curadores de arte serem majoritariamente do gênero masculino.
Estes, dizem as pesquisadoras, frequentemente não têm o olhar voltado à produção artística feminina. O resultado é que as mostras e exposições acabam sendo compostas por obras produzidas predominantemente por homens. “Penso que talvez fosse importante criarmos um curso sobre teoria da arte feminista voltado a esses profissionais, como forma de contribuirmos para superar essa barreira”, sugere a professora Maria Laura Rosa.
A programação do minicurso “Teoria da arte feminista e estudos de gênero: perspectivas de análise da arte contemporânea” pode ser conferida neste endereço.