Economista russo apresenta
dois seminários do IE

09/04/2015 - 12:00

O professor Victor Krasilshchikov, do Institute of World Economy and International Relations (Imemo), da Academia de Ciências da Rússia, apresentou na manhã desta quinta-feira (9) um seminário no Instituto de Economia (IE) da Unicamp abordando as tendências recentes de desenvolvimento nos países da América Latina, em comparação com as experiências dos tigres asiáticos. A atividade fez parte do Programa de Mestrado Internacional oferecido em conjunto pelo IE e a Global Labour University, que conta com estudantes de diversos países.

A conferência desta quinta-feira foi a segunda apresentada por Krasilshchikov. No dia anterior, ele falou para alunos de pós-graduação do IE sobre a modernização econômica da Rússia pós-soviética e suas perspectivas atuais. De acordo com Marcelo Weishaupt Proni, diretor associado do Instituto, a presença de Krasilshchikov na Unicamp é importante porque coloca os estudantes da Universidade em contato com um pesquisador com vasta experiência internacional. “Sem dúvida, atividades deste tipo contribuem para o processo de internacionalização do IE”, avaliou.

Antes da palestra, Krasilshchikov falou ao Portal da Unicamp. De acordo com ele, a despeito dos avanços econômicos alcançados pelos países asiáticos, eles apresentam problemas que se assemelham aos enfrentados pelos estados latino-americanos. “Eu não acredito no milagre asiático. Os avanços obtidos por esses países ocorreram dentro de um contexto mundial específico, incluindo o contexto da guerra fria. É preciso notar que o desenvolvimento social nos estados asiáticos, por exemplo, está relativamente atrasado”, afirmou.

Nesse aspecto, continuou Krasilshchikov, os países da América Latina, o Brasil principalmente, apresentam melhores possibilidades de desenvolvimento social que os asiáticos. “Entretanto, é preciso lembrar que as oportunidades precisam ser aproveitadas. Do contrário, não há como promover avanços”, advertiu.

Em seu trabalho, o pesquisador russo tem feito importantes reflexões sobre a democracia na Ásia e América Latina. Segundo ele, um ponto a ser considerado é que a democracia não configura uma dimensão estável, mas sim um processo em constante movimento. “A recente democracia nos países latino-americanos é resultado de uma evolução difícil, marcada por períodos autoritários. Nos estados asiáticos, a construção da democracia seguiu uma trajetória distinta”.

Citando o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Krasilshchikov afirmou que é preciso entender que a América Latina pode ser considerada “outro tipo de Ocidente”, mas não deixa de ser Ocidente. “Os países asiáticos não pertencem obviamente à civilização ocidental. Lá, a tradição de dominação das sociedades e dos indivíduos é muito forte. Não se pode esperar, portanto, o estabelecimento de uma democracia do tipo liberal nos estados daquela região”, disse.

Krasilshchikov declarou que a sua visita à Unicamp tem o propósito de aprofundar os contatos com docentes e pesquisadores da Universidade. “Esta é a segunda vez que venho a Campinas. Um dos saldos desta visita é a ideia de promovermos, em data ainda a ser definida, um seminário em conjunto para discutirmos estas e outras questões”, adiantou.