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Fórum permanente na FCA discute dinâmicas econômicas, demográficas e sociais da microrregião de Limeira

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Profª Rosana Baeninguer fala sobre o perfil dos migrantes atuais durante o fórum, ontem, dia 23, na FCA

 

"É de vital importância para o planejamento da cidade que as administrações regionais entendam um pouco mais sobre o perfil do migrante atual. Estamos ainda imbuídos da atmosfera do desenvolvimentismo dos anos 70, que entendia que os migrantes que chegam nas cidades são os migrantes rurais, do norte e nordeste do país e do deslocamento da fronteira agrícola – mas não é mais este o perfil dos nossos migrantes atualmente", disse a professora Rosana Baeninger, pesquisadora do Núcleo de Estudos de População "Elza Berquó" (NEPO / Unicamp), durante mesa redonda denominada "Estudos da Microrregião de Limeira", a qual compôs o Fórum Permanente "Economia, dinâmicas urbanas e desenvolvimento da microregião de Limeira (MRL)", organizado ontem (quinta, 23) na FCA.

Entre 2005 e 2010, de acordo com os dados mais recentes do último censo demográfico realizado pelo IBGE, houve um fluxo migratório de aproximadamente22 mil pessoas para o estado de São Paulo, sendo que aproximadamente 40% desses indivíduos eram da própria região sudeste e se deslocaram para a região metropolitana da cidade de São Paulo, que inclui a região metropolitana de Campinas e Limeira. Segundo Baeninger, isso demonstra dois aspectos importantes: primeiro, que a MRL está claramente inserida no eixo de desenvolvimento paulista e, segundo, que a vinda de uma população com experiências e vivências urbanas e metropolitanas para o interior paulista traz demandas específicas e diferenciadas para a região. "Não estamos mais falando dos migrantes rurais do Paraná dos anos 70 – agora são migrantes urbanos, com vivências metropolitanas e capacidade de mobilização social, e isto é importantíssimo. Outra questão que deve ser observada é que não podemos mais ficar presos à ideia de que quem migra é o pobre. Mais de 70% do fluxo populacional dos migrantes atuais possui curso superior. Isto tudo mostra que estamos consolidando uma dinâmica regional com perfil migratório que se assenta em novas especializações, inclusive nas especializações regionais".

 

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Público acompanha palestras e discussões sobre novas dinâmicas populacionais da microregião de Limeira

 

A compreensão das novas dinâmicas populacionais, conforme coloca a especialista, é fundamental para o desenho da cidade e das políticas públicas e sociais. Durante sua exposição, a professora alertou para o fato de que a migração atual não traz mais as grandes levas que trouxe em décadas passadas, como nos anos 70, quando o estado de São Paulo recebeu mais de três milhões e meio de migrantes de outros estados - hoje, de acordo com os dados do IBGE, o estado recebe pouco mais de um milhão de pessoas de outras unidades federativas em uma década mas, no mesmo período, também saem dele aproximadamente um milhão e duzentos mil indivíduos. De acordo com a pesquisadora, antigamente acreditava-se que o município que mais recebia migrantes era mais dinâmico e, portanto, estava se desenvolvendo mais economicamente, o que deixou de ser verdade hoje em dia. "Com as novas dinâmicas econômicas, populacionais e regionais, é praticamente o contrário. Os municípios que têm menor chegada e absorção migratória são os que estão mais desenvolvidos, no sentido de inserção da economia regional no capital internacional. São municípios que precisam de mão-de-obra qualificada e não têm mais tantas oportunidades para os menos qualificados".

A região de Limeira, afirma a palestrante, sempre fez parte do eixo privilegiado de desenvolvimento econômico: na cafeicultura, na expansão metalúrgica e na expansão do capital internacional e da reestruturação produtiva que se deu a partir dos anos 2000. A MRL têm, portanto, uma capacidade endógena de se reinventar e se reinserir nas diferentes etapas da dinâmica econômica e isto faz dela uma região economicamente forte no interior de São Paulo".

Antonio Peres, publicitário, pequeno empresário e professor da Faculdade de Administração e Artes de Limeira (FAAL) acompanhou as discussões e palestras do fórum e parabenizou os organizadores pela realização do evento. "Foi bastante produtivo, especialmente no que diz respeito à aproximação entre a Unicamp, os pesquisadores e as empresas. São interações fundamentais para o desenvolvimento da cidade de Limeira e da região. Estes encontros podem facilitar a aproximação de interlocutores que irão gerar inovação na economia do município e nas dinâmicas sociais, ao lançar um olhar crítico para políticas públicas de desenvolvimento", avaliou.

O Fórum foi organizado pelo professor Carlos Etulain, docente dos cursos de Administração e Administração Pública e coordenador do Laboratório de Economia e Gestão (LEG / FCA Unicamp) e pelo professor Álvaro D'Antona, docente do Núcleo Básico Geral Comum e do programa de pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.

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Evento foi organizado pelos professores Carlos Etulain, do LESP, e Álvaro D'Antona, do Centro de Ciências Humanas e Sociais (CHS FCA)