Fórum debate a importância
da educação dos sentidos
18/05/2015 - 12:42
- Text:
- Images:
- Images Editor:
Uma das marcas da contemporaneidade é a deseducação dos sentidos. Atualmente, o corpo tem sido construído industrialmente e o paladar e o olfato têm sido afetados, respectivamente, pelo crescente consumo de fast food e pelo agravamento da poluição atmosférica. A reflexão foi feita na manhã desta segunda-feira (18) pelo professor João Francisco Duarte Junior, do Instituto de Artes (IA), durante a mesa de abertura do fórum “Educação das sensibilidades, educação estética e reflexividade: horizontes outros na formação docente”. O evento foi promovido pelo Fórum Pensamento Estratégico (Penses), Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação Continuada (Gepec) da Faculdade de Educação (FE) e Centro de Memória da Unicamp (CMU).
De acordo com Duarte Junior, existem duas formas de conhecimento: o sensível e o inteligível. O primeiro é regido pelos sentidos e o segundo, pelo intelecto. “O mundo moderno foi construído basicamente sobre o conhecimento inteligível. Isso fez com que descuidássemos do saber sensível na educação. Quando falo de educação sensível, falo da educação do corpo. E aqui não me refiro à educação física, mas sim à educação do corpo enquanto fonte de conhecimento”, afirmou.
Ainda segundo o docente do IA, a educação dos sentidos não está relacionada somente à arte, mas também a outras dimensões, como a culinária. “Precisamos promover uma conexão entre o conhecimento inteligível e o sensível. O corpo tem que ser visto como uma preocupação para a educação, visto que é através dele que percebemos o mundo”, concluiu. Também convidada para a mesa de abertura, a professora Luciana Haddad Ferreira, do Colégio Integral, destacou a importância de se valorizar a educação da sensibilidade na escola.
Na visão da educadora, tal exercício coloca em xeque padrões arraigados no ensino. “O professor sensível é aquele que tem consciência do seu papel. Não basta ao professor somente ter domínio do conteúdo. Ele precisa se colocar na condição de ‘ensinante’ e ‘aprendente’. É preciso lembrar que a relação do afeto com o cognitivo não é algo dado. Assim, é importante que o educador ensine o aluno a sentir e a lidar com o sentimento. Como mencionou o professor Duarte Junior, essa condição é indispensável para que a experiência vivida se torne inteligível e para que o inteligível se torne sensível”, defendeu.
Durante o fórum, os organizadores fizeram uma homenagem à professora Maria Carolina Bovério Galzerani, ex-diretora do CMU e professora da FE, falecida em fevereiro último. Os professores Lana Mara de Castro Siman (UEMG), Maria Silvia Duarte Hadler, Ana Maria Falcão de Aragão e Guilherme do Val Toledo Prado, os três últimos da Unicamp, destacaram o compromisso que a professora Maria Carolina tinha com o tema tratado no evento e o legado que ela deixou com seus trabalhos acadêmicos. O viúvo da homenageada, Cláudio Galzerani, participou da sessão.