Fórum lança olhar multidisciplinar
sobre o ensino e a aprendizagem

06/08/2015 - 11:51

Num passado recente, as escolas tinham o laboratório de informática como espaço exclusivo para o uso de tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem. Atualmente, essas ferramentas já estão presentes na sala de aula, visto que os estudantes trazem de casa dispositivos como smartphones, tablets e notebooks. “Está havendo uma mudança de paradigma, e a escola precisa estar preparada para enfrentar os desafios impostos por essa transformação." A afirmação é da professora Vani Kenski, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de São Paulo (USP). A docente ministrou a conferência de abertura, na manhã desta quinta-feira (6), do fórum “Educação, tecnologia, arte e comunicação: em busca de um novo olhar multidisciplinar de ensino e aprendizagem”. O evento, que aconteceu no Centro de Convenções da Unicamp, faz parte do programa Fóruns Permanentes, iniciativa da Coordenadoria Geral da Unicamp (CGU).

Dentro da nova realidade, conforme Vani Kenski, é indispensável que os professores utilizem as tecnologias digitais para valorizar conteúdos relevantes e estimular os alunos a refletirem criticamente sobre o mundo. Nesse novo contexto, prosseguiu a docente, os usuários das tecnologias digitais se tornam codesenvolvedores. “Surge também a possibilidade da construção do que chamamos de inteligência coletiva, por meio da qual todos podem produzir, classificar e filtrar informações que beneficiem a aprendizagem de todos os demais."

Em sua fala, Vani Kenski citou algumas previsões de especialistas sobre o impacto das tecnologias digitais no contexto da educação. Segundo alguns prognósticos, em dois ou três anos as escolas promoverão oficinas criativas, nas quais serão exercitadas experiências nas áreas de robótica, criação de jogos e geração de conteúdos multimídia. Em quatro ou cinco anos, serão incorporadas tecnologias de aprendizagem adaptativa e recursos da denominada internet das coisas.

Um desafio adicional a ser superado dentro desse panorama, completou a conferencista, é a escola incorporar também o desenvolvimento de habilidades que não podem ser desempenhadas por máquinas, como a capacidade das pessoas de serem criativas, intuitivas e sociais. Se a escola focar apenas em problemas que as máquinas podem resolver, observou Vani Kenski, as pessoas terão menos chance de competir com elas.

Na abertura do fórum, o assessor da CGU, professor José Marcos Pinto da Cunha, e o organizador do evento, professor João Vilhete Viegas d’Abreu, coordenador do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Unicamp, destacaram a relevância dos temas abordados. Ambos lembraram, ainda, a importância da integração de diferentes saberes como forma de repensar a educação e promover a melhoria do ensino numa perspectiva crítica e cidadã.