A salvaguarda do patrimônio imaterial
em debate nos Fóruns Permanentes

13/08/2015 - 15:37

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Mesa de abertura

Mesa de abertura

Professor Antônio Augusto Arantes

Professor Antônio Augusto Arantes

Claudinei Carrasco fala na abertura do evento

Claudinei Carrasco fala na abertura do evento

O assessor da CGU, José Marcos da Cunha

O assessor da CGU, José Marcos da Cunha

Público acompanha evento

Público acompanha evento

Primeira mesa do dia

Primeira mesa do dia

Unir a universidade, a sociedade civil e as organizações governamentais para debater questões relacionadas ao patrimônio cultural intangível, adotando uma perspectiva crítica em relação à construção de políticas de salvaguarda e aos efeitos de sua implementação. Esse foi o mote de mais uma edição dos Fóruns Permanentes - "Salvaguarda do patrimônio cultural intangível: responsabilidade conjunta do estado e da sociedade civil". O evento, organizado pelos professores do Departamento de Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH), Antônio Augusto Arantes Neto e Artionka Capiberibe, ocorreu nessa quinta-feira (13) no Centro de Convenções da Unicamp. A mesa de abertura foi composta por José Marcos da Cunha, assessor da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU); Claudinei Rodrigues Carrasco, docente do Instituto de Artes (IA) e secretário de cultura de Campinas; Antônio Augusto Arantes Neto, organizador; e Heloísa Pontes, chefe do departamento de Antropologia do IFCH. 

De acordo com Antônio Arantes, trazer esta discussão para a Universidade estimula a percepção dos estudantes e mesmo de colegas que não estão tão envolvidos no tema e na complexidade do assunto. “Por outro lado, permite que esses agentes da sociedade civil e do estado compreendam a profundidade e a complexidade das questões envolvidas na criação destas políticas”, disse. Ainda conforme Arantes, a compreensão do assunto pede a presença de agentes dos setores ligados à universidade, à sociedade civil e às organizações governamentais de nível federal, responsáveis pela criação e implementação das políticas de salvaguarda do patrimônio no Brasil.

O organizador explicou que o objetivo do fórum foi disseminar informações a respeito dessas políticas e dos problemas relativos ao assunto. “A plateia, composta por agentes públicos, estudantes, colegas da Universidade e pessoas envolvidas com movimentos sociais, recebeu informações e teve a possibilidade de passar por essa vivência de debate acadêmico, que preza pela liberdade de opinião sem restrições sociais. Esse é um aprendizado importante para entender qual o lugar da Universidade na construção da cidadania.”

Claudinei Carrasco falou sobre patrimônio material e imaterial. “Há meios de proteger o patrimônio material para que ele não seja destruído. A partir daí, estamos também protegendo seu aspecto imaterial para a história da cultura da sociedade”, disse. Claudinei explicou que há diferenças na proteção de cada tipo de patrimônio. Para o material ocorre o tombamento, por meio de um estudo que gera o reconhecimento de que aquele bem deve ser preservado. Em seguida, o bem é anotado no livro de tombo. No caso do patrimônio imaterial, como tradições e culturas, a única maneira é pelo plano de salvaguarda, fazendo seu registro. “Os valores da sociedade e bens não materiais se transformam ao longo do tempo. É uma forma de expressão artística. E esse bem pode ser perdido ao longo dos anos. Daí a importância deste fórum”, disse. Ele exemplificou citando o caso da capoeira, o primeiro bem imaterial a ser registrado em Campinas, onde já existe uma lei que resguarda tal tipo de patrimônio. 

O fórum foi elogiado pelo o assessor da CGU, José Marcos da Cunha. O professor destacou o impacto que o evento terá na sociedade. Disse que esse tipo de ação contribui para criar posssibilidades de interação entre as atividades da Universidade e a comunidade. “Como cidadão e intelectual acho fundamental que nos preocupemos não só com a cultura de maneira geral, mas com essa preservação do nosso patrimônio imaterial. Preservar um edifício é natural, mas preservar a memoria é fundamental”, ressaltou.  Já para Claudia Wanderley, do Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência (CLE) da Unicamp, o tema precisa ser trabalhado com a academia e a sociedade. “É importante que a Unicamp esteja liderando essa proposta porque, para nós que fazemos pesquisa, é imprescindível ter um espaço em que o diálogo com a sociedade seja possível”, disse.  

Dentro da programação do Fórum houve apresentação de painéis e discussões. Na parte da manhã, o tema da mesa de abertura foi “A sociedade civil frente às políticas de salvaguarda do patrimônio cultural imaterial”, seguido por "15 anos de políticas de salvaguarda em nível federal no Brasil: experiência acumulada e perspectivas”. À tarde, seguiram-se os temas “Intelectuais e políticas culturais em perspectiva comparada”; “Patrimônio cultural brasileiro: interpretação performática”; “Pelo fortalecimento da participação social na salvaguarda do patrimônio cultural imaterial”.

De acordo com Antônio Arantes, houve ainda um encontro nos dias 11 e 12 de agosto na Unicamp que reuniu membros de associações de antropologia das Américas e do Caribe, quando foi lançado oficialmente o Fórum Interamericano e Caribenho do Patrimônio Cultural. “Trabalhamos com vista a estabelecer uma rede permanente de colaboração e intercâmbio e construir mecanismos que nos permitam contribuir criticamente para o acompanhamento das políticas de patrimônio, apesar das diferenças culturais, políticas e econômicas.” O professor afirmou que dentro de pouco tempo haverá um instrumento de observação sediado na Unicamp relativo à salvaguarda dos patrimônios culturais das Américas e do Caribe. “Junto com isso, pretendemos criar uma área temática dedicada ao patrimônio cultural, para funcionar a partir de 2017 no âmbito de doutorado em Ciências Sociais”, concluiu.  

Os Fóruns Permanentes da Unicamp são uma iniciativa da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU) e têm o objetivo de promover o intercâmbio entre experiências e pesquisas desenvolvidas na Unicamp e profissionais de outras instituições da sociedade.