Sportomics:
a ciência das
‘ômicas’ em
prol de atletas
e treinadores

13/08/2015 - 15:17

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Luiz Claudio Cameron, da Unirio

Luiz Claudio Cameron, da Unirio

Gláucia Pastore, pró-reitora de Pesquisa

Gláucia Pastore, pró-reitora de Pesquisa

Foram 150 incristos para o evento na BCCL

Foram 150 incristos para o evento na BCCL

Sergio Cunha, da FEF, organizador do workshop

Sergio Cunha, da FEF, organizador do workshop

A Unicamp sediou nesta quinta-feira o workshop “Sportomics, construindo um novo conceito nas ciências do esporte”, com o objetivo de agregar ainda mais pessoas de diversas áreas do conhecimento neste projeto inovador de avaliação do rendimento de atletas olímpicos, paraolímpicos e também amadores. O evento foi organizado pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP) em parceria com a Faculdade de Educação Física (FEF), Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas do Instituto de Química (IQ), Instituto de Computação (IC), Núcleo de Alto Rendimento de São Paulo e Laboratório de Bioquímica de Proteínas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). 

O professor Sergio Augusto Cunha, organizador do workshop, disse que o campo de “sportomics” (ou “esportômica”) vem ao encontro dos trabalhos que desenvolve há muitos anos em seu laboratório na FEF. “A proposta é observar o esporte em suas diversas modalidades procurando melhorar o desempenho, a prevenção a lesões e, principalmente, a qualidade de vida dos atletas no futuro. A carga de treinamento, a recuperação de lesões inerentes à prática esportiva, a alimentação, tudo isso é avaliado tanto do ponto de vista físico como psicológico, a fim de que o esportista continue ativo mesmo depois de deixar de competir ou quando idoso.” 

Segundo os organizadores do encontro, as demandas que surgem a cada dia em termos de melhora do rendimento, prevenção e recuperação adequada de lesões, e garantia de um futuro digno para os atletas, pedem que as diversas áreas científicas que embasam o treinamento e a competição esportiva trabalhem em parceria para uma melhor compreensão do fenômeno. Eles afirmam que a inserção de dados (biomecânicos, fisiológicos, bioquímicos, psicológicos, nutricionais, ortopédicos, econômicos, de treinamento e competições, entre outros) é a base para se conhecer o atleta e planejar melhor sua carreira. 

“Sportomics” é um termo cunhado pelo professor Luiz Claudio Cameron, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Unirio), para se referir aos estudos de seu grupo sobre respostas fisiológicas e fisiopatológicas decorrentes da prática de exercícios físicos. “O diferencial é que procuramos avaliar e entender a resposta metabólica do atleta em situações reais, ou seja, durante o treinamento ou competição. Ao invés de trazer o atleta ao laboratório, levamos o laboratório até o atleta – no vento, na chuva, no sol – e usamos muito das ciências ‘ômicas’ (proteômica, metabolômica) para compreender como ele reage àquela condição.” 

Cameron acrescenta uma preocupação especial com a longevidade do atleta em sua carreira esportiva. “A sustentabilidade é importante tanto no aspecto esportivo como do ser humano. Hoje temos vários competidores que sustentam uma carreira muito mais longa do que há dez ou vinte anos, exatamente pelo cuidado de inúmeros profissionais ao seu redor. Na verdade, o que faz a diferença atualmente é a ciência: a diferença entre o primeiro, segundo ou terceiro colocado na competição é de menos de 1%, está no detalhe – e a ciência trabalha nesse detalhe.” 

A professora Gláucia Pastore, pró-reitora de Pesquisa, admitiu sua surpresa diante do público de 150 pessoas, majoritariamente jovem, que lotou o auditório da Biblioteca Central Cesar Lattes (BCCL). “A junção de pessoas competentes e sérias como da FEF, do Laboratório Thomson e os palestrantes convidados tornou a ideia extremamente feliz, sendo que pudemos perceber imediatamente que teremos resultados relevantes desta cooperação para as ciências do esporte. A Unicamp abriga essas ideias por gostar de desafios e de criar novas oportunidades de pesquisa.”