Seminário debate criação de pedagogias
descolonizadoras para nossas crianças
26/10/2015 - 15:45
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O 2º Seminário Internacional sobre Infâncias e Pós-colonialismo: pesquisas em busca de pedagogias descolonizadoras, organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação e Diferenciação Sociocultural (Gepedisc) – Culturas Infantis, foi aberto na manhã desta segunda-feira com 820 professores inscritos, principalmente da Região Metropolitana de Campinas (RMC). O objetivo do seminário é a difusão da produção de conhecimento a respeito das várias infâncias do Brasil, bem como os processos de criação de pedagogias descolonizadoras para a educação infantil e anos iniciais de ensino fundamental.
A professora Ana Lúcia Goulart de Faria, presidente da comissão organizadora do evento, ressaltou o apoio que viabilizou um evento gratuito, apesar de a Universidade estar sofrendo com o corte de verbas. O seminário teve o apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP), da Faculdade de Educação (FE) e do Fundo de Apoio à Pesquisa e à Extensão (Faepex), todos pela Unicamp, bem como da Capes, Fapesp e Associação de Leitura do Brasil (ALB). Também fizeram parte da mesa de abertura os professores Rachel Meneguello, pró-reitora de Pós-Graduação e representante do reitor José Tadeu Jorge; Fernando Coelho, representando a pró-reitora de Pesquisa Gláucia Pastore; e Rita Coelho, coordenadora geral de Educação Infantil do Ministério da Educação.
“Ao questionarmos e resistirmos aos dispositivos do modelo canônico científico europeu, tentamos não apenas negar ou estabelecer novas hierarquias com relação aos valores culturais e científicos da Europa ocidental, mas sim, o oposto, ou seja, trata-se de desconstruir valores hegemônicos, marcados pela herança patriarcal, androcêntrica e racista que submetem as crianças desde o nascimento a um conjunto de sistemas que colonializa as diferenças etárias, étnico-raciais, sexuais e de gênero”, dizem os organizadores.
A convidada para a conferência de encerramento, professora Olga Franco Garcia, do Ministério da Educação de Cuba, adiantou que abordaria como é possível garantir, mediante o socialismo, o nível de educação conquistado em seu país. “Temos dificuldades de todo tipo e estamos defendendo as realizações do socialismo, como na saúde, na educação e na seguridade social. Não podemos perdê-las, independentemente de que Cuba tenha que comprar coisas no exterior e pagar pelo frete caro. Queremos ter assegurados à nossas crianças e jovens os seus livros, toda a bibliografia digitalizada, os laboratórios necessários. Isso nós não podemos perder por nada, sem isso não vale a vida.”
Olga Garcia falou do orgulho por seu país ter reduzido o analfabetismo praticamente a zero e lembra que também foi alfabetizadora na exitosa campanha iniciada em 196, hoje copiada por dezenas de outros países. Atualmente, a professora trabalha na formação do profissional pedagógico. “Atendemos à formação de profissionais tanto em nível universitário como através de escolas pedagógicas – temos 22 unidades no país, que foram criadas em um ano e hoje são nossas ‘meninas dos olhos’. Grupos de pessoas se incorporam a esses centros educacionais a cada quatro anos, o que faz parte da atualização para manter o modelo econômico, político e social de Cuba.”
A mesa-redonda de abertura, sobre o tema “Reinventar os signos e criar o novo: tessituras para uma educação da infância”, teve a participação dos professores Silvio Gallo (Unicamp) e Maria Carmen Silveira Barbosa (UFRGS). No final da tarde, no salão nobre da FE, houve o lançamento de seis livros: “Infâncias e Pós-Colonialismo: pesquisas em busca de pedagogias descolonizadoras”, “Infâncias e movimentos sociais”, “Creche e feminismo”, “Campos de experiência na escola da infância”, “Trabalho infância” e “Poder local e políticas públicas para educação em periferias urbanas do estado do Rio de Janeiro”.