Presidente do CNPq aconselha
não ceder às pressões da crise

16/11/2015 - 12:34

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Plateia que compareceu ao Consu

Plateia que compareceu ao Consu

Palestra organizada pela PRP na sala do Consu

Palestra organizada pela PRP na sala do Consu

Hernan fala dos desafios do CNPq

Hernan fala dos desafios do CNPq

Mesa diretiva dos trabalhos no Consu

Mesa diretiva dos trabalhos no Consu

Plateia que compareceu ao Consu

Plateia que compareceu ao Consu

“O período atual do país contém incertezas políticas e econômicas agudas. Essa situação requer posições firmes para preservar o que temos de bom. As melhores instituições sofrem mais e mais depressa em tempos de crise, isso se não oferecerem resistência. Devemos evitar, a todo custo, ceder à pressão da crise”, defendeu o bioquímico Hernan Chaimovich Guralnik, atual presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (CNPq), durante palestra proferida na Unicamp na manhã desta segunda-feira (16).

O presidente do CNPq foi recebido pela pró-reitora de Pesquisa da Unicamp, Gláucia Maria Pastore, na sala do Conselho Universitário (Consu). Ele falou a uma plateia composta por docentes e pós-graduandos, ao lado da pró-reitora de Desenvolvimento Universitário Teresa Dib Zambon Atvars e da pró-reitora de Pós-Graduação Rachel Meneguello.

Hernan discutiu os desafios do CNPq para 2016 que, no seu entender, devem ser permanentes. Falou das desigualdades regionais e salientou que a agência pretende investir mais ainda na internacionalização, lembrando que o CNPq, entre 2011 e 2014, distribuiu bolsas de produtividade a quase 15 mil bolsistas, que no total produziram 185 mil artigos.

O dirigente contou que o CNPq está convencido de que tem que mudar a forma de avaliar o impacto dos indicadores científicos e que uma das medidas que vêm sendo efetuadas é a mudança de formulários “lidos” por máquinas. “A nossa responsabilidade no Brasil é garantir programas de infraestrutura, ampliar o escopo dos INCTs (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia), aumentar o alcance dos projetos universais, garantir a participação das humanidades e ciências sociais, e aumentar a sua demanda por internacionalização. Ninguém faz isso de graça. Temos que recuperar o orçamento e a missão. Também estamos mudando a estrutura interna do CNPq para ampliar o seu processo de inovação”, elencou o presidente.

Conforme Hernan, em 2015 o orçamento do órgão chegou a cair 30%, mas, apesar disso, conseguiu pagar todas as dívidas de 2013 e metade das dívidas de 2014, conseguiu reforçar o orçamento dos INCTs atuais, lançou um edital de pesquisa em ciências humanas e sociais, etc. “Nos últimos dez anos o CNPq investiu quase R$ 700 milhões na Unicamp”, realçou.

Produtividade – Hernan trouxe uma visão sobre o que está acontecendo no CNPq e no mundo no momento, e o que acontecerá na ciência em 2016. Um dos problemas para pensar ciência tem a ver com o crescimento, ressaltou. Segundo ele, "ainda estamos em 2015 e a quantidade de dinheiro que o Brasil investe em pesquisa não tem sido significativa. Quando o assunto é P&D ao redor do mundo, o Brasil também não está crescendo. Por outro lado, o país está formando cada vez mais doutores e aumentando a sua produção científica. Mas o seu impacto científico está abaixo da média mundial. “Os impactos das publicações no Estado de São Paulo são maiores do que os do Brasil.”

Ele disse mais: a produtividade dos trabalhadores brasileiros está estagnada nos últimos 20 anos. O Brasil estava na posição 61 em termos de inovação em 2014. Logo, seu posicionamento global ainda é inexpressivo. “Há uma baixa inserção de empresas brasileiras, especialmente privadas.”

A produção de patentes e de inovação no Brasil, considerou Hernan, é liderada hoje pelas universidades, ao passo que, no mundo desenvolvido, quem deposita mais é o setor industrial. Também o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil está abaixo, quando se medem os seus indicadores científicos. 

Hernan abordou as ações do CNPq para cumprir sua missão, entre elas a formação de RH e a transformação de ideias em conhecimento de impacto tecnológico. “Medir impacto é uma discussão interna, pois é muito difícil definir impacto”, sublinhou. “Mas a aferição de impacto é de relevância global.”

De acordo com um estudo Nature Index recente sobre as revistas publicadas apontou que cerca de 50% dessas publicações são apoiadas pelo CNPq, que contribui tanto para o volume quanto para a qualidade da pesquisa produzida pelo Brasil. “De outra via, os papers apoiados pelas três agências (CNPq, Fapesp e Capes) apresentam um impacto bem maior”, acredita.

Hernan discorreu sobre a importante atuação dos INCTs, cuja atuação hoje cobre todo o território nacional; sobre os principais programas de incentivo à tecnologia e inovação, entre eles o programa RHAE, que ainda não é tão conhecido, porém fornece bolsas a mestres e a doutores, e os levam para trabalhar na empresa. Tem tido um elevado impacto. Somou até agora mais de 2 mil pessoas capacitadas e criou 777 empregos diretos.