Professor da Computação é premiado por
aplicativo que fiscaliza votação eletrônica
02/11/2015 - 12:00
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Idealizador do projeto vocefiscal.org, plataforma criada para fiscalizar o resultado da votação eletrônica, o professor do Instituto de Computação (IC) da Unicamp, Diego Aranha, recebeu um importante prêmio da revista da MIT Technology Review. Ele foi escolhido como um dos 10 “Inovadores com menos de 35 anos” no Brasil. A revista é publicada por uma companhia ligada ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (EUA) e há dois anos faz a premiação no país (confira aqui). A plataforma desenvolvida pelo docente, juntamente com o aluno Helder Ribeiro, foi tema do Jornal da Unicamp, edição 607, de 2014, publicado pouco antes do primeiro teste com o aplicativo Você Fiscal, nas eleições do ano passado.
O aplicativo permite que o eleitor fotografe o boletim da urna (BU), uma espécie de recibo gerado pelo equipamento ao final da eleição que é um documento de acesso público. Os dados das fotos são processados e comparados com os resultados das eleições publicados em formato eletrônico. No segundo turno do pleito, eleitores voluntários coletaram dados de 4,1% do total de votos ou 4,6 milhões, uma amostra considerada de tamanho razoável pelo professor. O processamento de informação automaticamente extraída das fotos inicialmente encontrou divergências: “Faltava determinar se era evidência de fraude ou apenas uma imprecisão na hora de extrair informações do boletim de urna”. Segundo ele, as divergências não se confirmaram em uma conferência manual posterior, realizada pelos próprios eleitores via Internet.
Uma das dificuldades relatadas pelo professor nas eleições de 2014 foi o impedimento de muitos eleitores que tentaram fotografar os boletins, por desconhecimento de que se tratava de um documento público. “Recebemos mais de 500 relatos de voluntários que foram proibidos de fazer as imagens. Um deles alega ter recebido inclusive voz de prisão”, relata Aranha.
Se ocorrer votação eletrônica nas eleições municipais de 2016 o professor espera aumentar a qualidade da amostragem o professor espera aumentar a qualidade da amostragem. “A própria Justiça Eleitoral facilitou o uso do aplicativo com a adoção da leitura do boletim de urna por um QR Code”. Segundo Aranha, uma amostragem com boa distribuição de 5 a 10% já deveria ser bastante suficiente para aferir a segurança da transmissão dos resultados da votação eletrônica.
Voto impresso
A presidente Dilma Rousseff promulgou a Lei 13.165, que institui o voto impresso nas eleições. A lei passará a valer nas eleições gerais de 2018. As urnas de votação eletrônica terão uma impressora que vai registrar o voto para conferência pelo eleitor e depositá-lo em um local lacrado, para fins de auditoria e recontagem posteriores. Para o professor Aranha esse sistema é complementar à plataforma do vocefiscal.org. “A impressão do voto é um recurso de transparência que ocorre durante a votação”. Somando-se esse recurso à possibilidade de fotografar o BU, aumenta significativamente a segurança e transparência das eleições.
Comentários
Parabéns ao professor e ao
Parabéns ao professor e ao aluno e ótima notícia. Seria de grande favor todos nós se a notícia chegasse a nossa "grande" mídia impressa e falada, pois, há alguns dias li na Folha de São Paulo e no O Estado de São Paulo que o antigo modo de votação voltará em detrimento da urna eletrônica. É imprescindível informar à população de modo geral e não desinformar, como, infelizmente, estamos assistindo já faz algum tempo.