Professor da Unicamp é um dos
organizadores de "Polifonias Marginais"

08/03/2016 - 10:15

O professor Mário Augusto Medeiros da Silva, do Departamento de Sociologia, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, é um dos organizadores do livro Polifonias Marginais, lançado no início de fevereiro. Além de Mário Medeiros, o livro tem como organizadores as pesquisadoras Érica Peçanha, da Universidade de São Paulo; Lucía Tennina, da Universidade de Buenos Aires; e Ingrid Hapke, da Universidade de Hamburgo. O trabalho surgiu de entrevistas dos quatro organizadores que, com diferentes percursos e motivações, pesquisaram as chamadas literaturas negra, marginal e periférica em suas teses de mestrado ou doutorado. No livro, 34 entrevistados, entre escritores, rappers, poetas, ativistas, organizadores de saraus e donos de bares (onde acontecem recitais literários) conversam, direta ou indiretamente. 

De acordo com Mário Medeiros, a idealização do livro surgiu do pensamento coletivo dos organizadores, que em 2012 começaram a conversar sobre a possibilidade de organizar um livro com as entrevistas de suas pesquisas. "Essas entrevistas foram feitas entre 2005 e 2013. Como o material não foi todo aproveitado nas pesquisas de mestrado e doutorado, decidimos compartilhá-las, ao invés de deixa-las guardadas", afirmou. Segundo Medeiros, os entrevistados cederam as entrevistas para a edição e publicação em livro, além dos trabalhos acadêmicos originais.

Os quatro capítulos foram organizados por grandes temas e as entrevistas foram editadas de forma a se parecerem com um bate papo. Entre os assuntos abordados estão: a trajetória pessoal dos entrevistados, as influências literárias, as ideias sobre literatura negra e literatura periférica, entre outros.  No capítulo "Sistema literário, ativismo político-cultural negro e periférico", organizado por Mário Medeiros, o autor trata das entrevistas que realizou durante sua pesquisa de doutorado. O organizador focou sua pesquisa sobre o papel das ciências sociais e os movimentos negros e sua tese se transformou no livro A descoberta do insólito: literatura negra e literatura periférica no Brasil (1960-2000).  A ideia principal do capítulo que organizou é a preocupação com a produção de escritores que se identificavam com a literatura negra e com a literatura marginal periférica.

Já no capítulo "Trajetórias, atuação e produção cultural", organizado por Érica Peçanha, as entrevistas do capítulo são originadas de suas pesquisas de mestrado e doutorado. Seu trabalho é pioneiro no tema e seu livro Vozes marginais na literatura é obra de referência sobre o assunto. "Ela buscou mapear escritores desse tema. Alguns deles aparecem nos quatro capítulos, mas em diferentes momentos de suas vidas e também em relação à literatura", conta Medeiros. Os livros de Peçanha e de Medeiros foram publicados pela Aeroplano em 2009 e 2013, respectivamente.

O capítulo "Das teorias periféricas", organizado pesquisadora alemã Ingrid Hapke, foi baseado nas entrevistas feitas para sua tese de doutorado em literatura brasileira, defendida na Universidade de Hamburgo. "A pesquisadora mostra uma reflexão sobre a literatura periférica, além da presença das mulheres nesse universo. Mostra também a mudança na vida pessoal dos entrevistados e as mudanças da própria periferia, pela ótica dos seus entrevistados", diz o professor da Unicamp. Por fim, o capítulo "Saraus: poesia, gestão e território", organizado por Lucía Tennina, apresenta as entrevistas realizadas em sua pesquisa de doutorado sobre literatura brasileira contemporânea e mostra a discussão sobre saraus, poesias e territórios literários/sociais. De acordo com Medeiros, ela tenta responder a perguntas tais como: por que esses autores escolheram esse meio para se expressar?; como o sarau funciona?; quais as influências e como acontecem os saraus, suas regras internas, sua relação com o espaço social e literário das periferias e da cidade?

O livro, que tem apresentação de João Camillo Penna, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), conta com o apoio da Capes e do programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura - UFRJ. Os entrevistados foram: Allan da Rosa, Alessandro Buzo, Alisson da Paz, Augusto Cerqueira, Binho, Carlita, Carlos Canu, Claudio Santista, Drix Solinas, Dugueto Shabazz, Edite Marques, Elizandra Souza, Esmeralda Ribeiro, Fernando Ferrari, Ferréz, Galo, Luan Luando, Lu Sousa, Márcio Barbosa, Marcio Batista, Michel Yakini, Miró da Muribeca, Nelson Maca, Oswaldo de Camargo, Paulo Lins, Raquel Almeida, Rodrigo Ciríaco, Rose Dorea, Sacolinha, Sergio Vaz, Sonia Bischain, Vagner Souza, Zé Batidão  e Zinho Trindade.

Polifonias Marginais