Independentemente da escola e das condições de ensino, com dedicação e muito estudo é possível entrar no curso mais concorrido da Unicamp, como a medicina. A mensagem é de Vítor Santana Costa, 16 anos, estudante de escola pública que acaba de iniciar seus estudos na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, após passar num dos vestibulares mais concorridos do país.

O jovem nasceu no sertão da Bahia, na cidade de Ribeira do Pombal, localizada a cerca de 300 quilômetros de Salvador. Veio para Campinas aos 13 anos e cursou o ensino médio integralmente na Escola Estadual Professor Adalberto Prado e Silva, que fica na Vila Costa e Silva, mesmo bairro onde reside. Autodidata desde a infância, Vitor afirma que, além da dedicação, é “preciso acreditar no sonho e de um pouquinho de sorte também.”

Seu feito ganhou repercussão nos principais meios de comunicação do país pela história de vida e pelo exemplo que o jovem deixa aos candidatos a tão sonhada vaga na Unicamp. “O tipo de vestibular da Unicamp me ajudou bastante, principalmente por ser uma prova que leva o candidato a pensar, não simplesmente a decorar. Na segunda fase, por exemplo, caiu desde Picasso até cálculo estequiométrico. Tive sorte também porque caíram as matérias que estudei”, revela.

O estudante também credita seu sucesso aos programas e políticas de inclusão social implementadas pela Unicamp. “Além do programa de inclusão social, o Ciência & Arte nas Férias contribui muito na escolha do meu curso. Antes de participar deste programa da Unicamp eu queria fazer engenharia. Portanto, provavelmente se eu estivesse entrado, eu desistiria na metade ou me tornaria um profissional frustrado”, reconhece. O jovem se beneficiou do Programa de Ação Afirmativa e Inclusão Social da Unicamp (PAAIS), com a adição de pontos extras às notas da primeira e da segunda fase do Vestibular. 

"A história de vida do Vítor demonstra a importância do PAAIS. Todo o esforço que fez até hoje e, certamente, continuará fazendo durante o curso de medicina, contribuirá para uma excelente formação profissional, superando qualquer obstáculo que precisar enfrentar", disse o reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge. 

Para o pró-reitor de Graduação, Luís Alberto Magna, a entrada de Vitor no curso de medicina da Unicamp é bastante simbólica e representativa para os estudantes de escolas públicas e de classes sociais menos favorecidas.

“Num momento em que a Unicamp comemora o sucesso dos seus programas de inclusão, o sucesso do Vitor demonstra que todos podem conseguir frequentar cursos tão importantes como o de medicina da Unicamp ou qualquer outro da nossa Universidade”, disse.

Jovem recebe ajuda para iniciar estudos
Vítor Santana Costa recebeu no início de março um laptop de um cirurgião-dentista que ficou comovido e impressionado com sua história. “Eu li a notícia no jornal e falei: ‘isso não é verdade’. Eu tenho parentes que tentaram e ainda tentam entrar na medicina da Unicamp e estão até hoje fazendo cursinho, cursinho e cursinho. E aí você vê um menino de escola pública, de 16 anos, conseguindo isso, aí você fala: 'isso é mentira'. Mas, não, é verdade. Então eu resolvi apoiá-lo com o que for necessário e o que ele precisar”, conta Roberto Douglas Barouche. 

Para o reitor Tadeu Jorge é "elogiável e exemplar a iniciativa de ajuda que Vitor recebeu por parte de um cidadão consciente e que quer um país melhor e mais justo".  A intermediação entre Vitor e Roberto Barouche foi feita pelo seu então professor no ensino médio, Edison Cardoso Lins, funcionário da Unicamp e coordenador do Grupo Gestor de Benefícios Sociais (GGBS).

“O resultado que o Vitor alcançou chamou a atenção pelo seu esforço e condição social. E o doutor Roberto leu a notícia, ficou admirado com a conquista do Vitor. Como eu fui professor do Vitor no ensino médio, o doutor Roberto nos procurou, oferecendo uma ajuda ao Vitor. E nós chegamos a um contato no sentido de um objetivo comum, que é apoiar o Vitor durante a sua graduação na Unicamp”, contou.