Ensinar com amor é o que ele, Geraldo Archangelo, acredita ser a sua maior realização profissional diante dos alunos. E ele sabe do que está falando. Desde 1985 é professor do Instituto de Artes (IA) da Unicamp e se dedica ao ensino há mais tempo ainda, até mesmo como professor no curso ginasial. Mas essa sua atribuição de ensinar com amor é observada principalmente por alunos, professores e funcionários que hoje prestaram-lhe uma homenagem no IA. Geraldo Archangelo, natural de Bebedouro, deu nome a uma placa no Laboratório Oficina de Madeira, Metal e Maquetes do Departamento de Artes Plásticas, localizado no piso térreo da unidade. O evento fez parte das comemorações dos 45 anos do IA. Aposentado em 2002, Geraldo Archangelo ainda atua como professor colaborador do instituto. O diretor do instituto, Fernando Hashimoto, e o chefe do Departamento, Haroldo Gallo, destacaram a importância do professor Geraldo durante suas falas.

O professor Marco do Valle, coordenador do curso de Arte Visuais e proponente da homenagem, contou que Geraldo Archangelo é um dos fundadores do curso. Veio a convite do professor Bernardo Caro, de quem era amigo, quando lecionava no curso ginasial. Ajudou a montar o Laboratório Oficina de Madeira, Metal e Maquetes. Formou muitos alunos no curso de Artes Visuais, "pois é extremamente prático e domina várias técnicas”, relatou.

Marco do Valle lembrou que a presença de Geraldo Archangelo é muito bem-vinda sobretudo num momento em que grande parte da sociedade se norteia pelos valores monetários. "É até uma questão espiritual e, além disso, ele é merecedor desta homenagem porque sua experiência fala muito às pessoas. Ele é um exemplo de representante de bons professores que passaram por aqui.”

Trajetória
Geraldo Archangelo, visivelmente reconhecido pela homenagem, contou que em 1985 veio ao IA, após ter deixado a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), para ministrar as disciplinas de Modelagem e Práticas de Oficina na Unicamp. “Dou aulas de artes plásticas e de caligrafia. Aprendi caligrafia na Academia de Comércio de Jaú. Com isso, passei a fazer trabalhos como calígrafo. Em Iguape, preenchi vários livros adotados pela Prefeitura. Mas enveredei para a área do ensino e hoje alguns alunos ocuparam minha vaga”, revelou.

Atualmente, o professor Geraldo Archangelo reside em Jundiaí com a esposa. Tem quatro filhas e um filho, que se revezam para trazê-lo à Unicamp toda semana para ministrar aulas. “Sinto-me animado e nada acaba com meu entusiasmo. Amo minha profissão”, ressaltou. “Também ensino encadernação só para funcionários. A sala 5 sempre ficou lotada. Entre os tópicos que também ensino estão marcenaria, gravura, criação de ferramentas, madeira para gravura, marchetaria, etc.”

O homenageado disse que várias vezes ficou sem almoçar para dar aulas. Não se importava com isso. Seu maior prazer era ver que os alunos estavam dando uma boa resposta. “Às vezes, passo algumas tarefas mensais, entretanto meus alunos entregam-nas muito antes do prazo. São interessados e talentosos. Pretendo continuar lecionando, pois o que de fato gosto é dividir o que sei, e imagino que isso pode inclusive contribuir financeiramente com eles”, reforçou.