Cerca de 6 mil ex-alunos da Unicamp escolheram o empreendedorismo como opção de carreira e abriram empresas, o que representa 7,7% dos estudantes formados nos cursos regulares de graduação e pós-graduação (mestrado e doutorado). Atualmente estão cadastradas mais de 400 empresas-filhas da Universidade, que respondem por um faturamento anual superior a R$ 3 bilhões. Estes e outros dados impactantes, levantados em força-tarefa realizada pela Agência de Inovação Inova Unicamp em parceria com a Diretoria Acadêmica (DAC), foram apresentados durante o XI Encontro Unicamp Ventures, que aconteceu na tarde de sexta-feira. No mesmo evento foi lançado o livro Uma história de inovação e empreendedorismo, como parte da série de publicações Unicamp 50 Anos.  

O Unicamp Ventures é um encontro anual para apresentação de novidades sobre as empresas-filhas da Unicamp e de cases de sucesso, bem como de aproximação entre os empreendedores da região. O levantamento Inova/DAC aponta ainda que a taxa de empreendedorismo é maior entre os alunos de graduação, 11,1%; entre os pós-graduandos, 5,2%. As áreas do conhecimento que mais geram empreendedores são engenharias (38%), ciências exatas (18%) e ciências da saúde (14%). A Inova registrou 127 novas empresas-filhas cadastradas, chegando-se assim a 514 empresas identificadas, com 434 mantendo-se ativas no mercado – estas são responsáveis por empregar 21.995 pessoas, com renda anual superior a R$ 3 bilhões. 

O reitor José Tadeu Jorge, ao ressaltar estes números referentes ao empreendedorismo gerado na Unicamp, lembrou uma pergunta corriqueira que costuma ouvir é sobre como os recursos públicos investidos na Universidade são devolvidos à sociedade. “Nossa devolução mais importante é em recursos humanos que formamos aqui, mas entendemos que devemos melhorar esta formação com pesquisa de ponta e fortes relações com a sociedade para saber quais são as necessidades que a população espera ver supridas por nossos profissionais. Tudo o que a Universidade contribui em termos de inovação é extremamente relevante para o bem-estar, renda e qualidade de vida das pessoas. Isso deve ser o tema central desta reunião, que é viabilizar cada vez mais o nascimento de atividades empreendedoras através da Universidade.”  

Presente à cerimônia de abertura, Jonas Donizette Ferreira, prefeito de Campinas, afirmou que cumpria uma função de gratidão e reconhecimento pelos 50 Anos da Unicamp. “Poucas cidades têm a sorte de ter uma universidade como esta. Por um bom período as coisas caminharam distantes, mas quando assumimos fizemos um convênio guarda-chuva, permitindo parcerias com a Unicamp em todas as áreas de políticas públicas. Entre os projetos, temos o Primeira Nota, com a Escola de Música, em que alunos da Universidade ensinam nossas crianças – elas darão um concerto para mais de mil pessoas no Teatro Castro Mendes. A Unicamp nos ajudou a pensar um plano estratégico para a cidade, com compromisso de inovação em todos os setores, como na educação, onde iniciamos o cabeamento óptico em todas as unidades de ensino e que permitirá trocar o quadro negro pelo painel digital. Também criamos a melhor legislação para empresas de tecnologia, inovação e startups, assegurando vantagens competitivas.”  

História de inovação 

O professor Milton Mori, diretor executivo da Inova Unicamp, destacou o lançamento do livro Uma história de inovação e empreendedorismo, dentro da série Unicamp 50 Anos, do jornalista e escritor Paulo Cesar Nascimento, que é autor de várias obras contando a história de outras unidades da Unicamp. “A ideia do livro surgiu há dois anos e meio, durante uma reunião do Conselho Superior da Inova, em que um dos membros, Cesar Gon, observou que a história do empreendedorismo da Unicamp ainda não tinha sido contada. O reitor Tadeu Jorge, que estava na reunião, disse que ‘isso é uma história’ e nos passou o projeto. O livro faz também um apanhado geral do empreendedorismo na cidade. Eu não sabia, por exemplo, que tivemos em Campinas a primeira reunião da SBPC [Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência], em 1949.”  

Em relação às empresas-filhas da Unicamp, Milton Mori adiantou que a Inova está formando um Conselho Consultivo com a participação de empreendedores de cada área do conhecimento, a fim de que mantenham um relacionamento mais próximo com a Unicamp. “Já estamos passando uma lista para quem quer participar do conselho, sendo que ainda vamos estabelecer normas e regras. Uma das propostas é que ex-alunos façam doações para inovação e empreendedorismo. Para se ter uma ideia, a Universidade de Harvard, que possui o maior número de empresas-filhas e também de doações, acumula hoje 37 bilhões de dólares para esse objetivo. Por sermos uma universidade pública, tenho certeza de que nossas empresas-filhas reconhecem o valor da formação e vão colaborar.” 

O Unicamp Venture contou com uma mesa de debate sobre “Como inovam as empresas-filhas da Unicamp", da qual participaram Fábio Pagani, presidente do grupo Unicamp Ventures; Cesar Gon, sócio fundador da CI&T; Humberto Salvador, presidente da Alibra; Carlos Netto, ceo da Matera Systems; Leonardo Pagotto, gerente de projetos da Griaule; e Bruno Rondani, diretor da IVP Capital Inteligente. O programa incluiu ainda duas palestras: “As empresas-filhas da Unicamp: novas perspectivas”, com Milton Mori; e “Pessoas criativas, empresas inovadoras”, com Martha Gabriel, ex-aluna da Unicamp e autora do best-seller “Marketing na era digital”.

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