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Em
casa, sim. E no trabalho?
A maior
dificuldade nas campanhas de racionamento é que as
pessoas não estão acostumadas a se sentir responsáveis.
Tendem a culpar o governo, o desperdício (dos outros),
a corrupção, má gestão, política
de privatização, etc. Embora a maioria dos brasileiros
se mostre disposta a contribuir com a redução
do consumo, existem resistências de toda ordem quando
se trata de abrir mão do conforto.
A sobretaxa
anunciada nas contas está reforçando a adesão
ao racionamento nas residências. Mas, e no trabalho?
O indivíduo está aprendendo a economizar
em casa; que ele estenda isso ao trabalho. A Universidade
vai sofrer tanto quanto o indivíduo em seu lar. Temos
que conclamar toda a comunidade a repensar a demanda de energia
no local de trabalho e a mudar os hábitos para colaborar
com as pequenas economias. O uso de cargas durante períodos
prolongados, mesmo que seja uma simples lâmpada ligada,
é significativo. Uma lâmpada de 100 watts, ligada
durante dez horas, consome o mesmo que um chuveiro ligado
por 12 minutos, tempo médio de um banho. Esta comparação
revela que uma simples lâmpada também é
fator de alto consumo se não for utilizada racionalmente,
exemplifica o professor Sigmar Maurer Deckmann.
Alguns
setores da Unicamp, onde equipamentos de uso ininterrrupto
não podem ser desligados, ou com processos que dependem
de controle térmico, devem ser monitorados para se
saber em que condições este controle pode ser
otimizado. Atividades essenciais devem justificar a manutenção
do consumo de energia. Que as unidades não pensem
agora em instalar geradores para fugir do apagão, pois
podem ser criados novos problemas como ruído excessivo,
poluição do ar e aumento de custo, alerta
Deckmann.
Micros
e condicionadores A utilização de
no-breacks para garantir o funcionamento de computadores,
por exemplo, era uma solução paliativa até
há algum tempo, mais eficiente nos casos de piscas.
A manutenção dos equipamentos provou que não
são eficientes em casos de falta prolongada de energia,
porque as baterias não suportam manter as cargas durante
longo período. E o que pode vir a ocorrer é
um desligamento por um período completo, com dúvidas
se voltará no tempo previsto.
Com
relação aos procedimentos de economia de energia
podemos ser objetivos, mas, dian-te dos apagões, o
máximo que podemos fazer é recomendar uma série
de cuidados que devem ser considerados como preventivos, por
exemplo: levar em conta que mesmo com o prometido anúncio
antecipado dos cortes de energia, de 48 horas, poderão
ocorrer interrupções imprevistas durante o período
chamado normal de suprimento, devido a manobras na rede e
atuações de proteção automática,
prevê Deckmann.
O ar-condicionado é o equipamento que mais consome
energia. Depois vem a iluminação como um todo,
predial e interna, dia e noite, e iluminação
pública à noite. O aproveitamento da luz natural
no ambiente de trabalho é importante, com a vantagem
de ventilar os ambientes e proporcionar melhor temperatura
no período de inverno.
Ainda
estão em estudos os procedimentos mais adequados para
cada setor da Universidade. Nos locais de trabalho, cada pessoa
terá que avaliar as condições e o que
será cortado. No caso dos micro-computadores, existe
uma prática recomendada até quando não
há falta de energia elétrica: não desligar
a máquina muitas vezes. Deve-se minimizar este liga
e desliga para evitar desgaste do micro. Além disso,
sempre que se coloca um equipamento em funcionamento existe
uma demanda de energia chamada in rush: é a energia
de aceleração inicial, normalmente mais forte,
para colocar o motor parado em funcionamento. Quando a pessoa
sai da sala durante várias horas deve deixar o equipamento
em stand by. Já o monitor de vídeo deve ser
desligado sempre que não for usado por um período
mais longo.
Prejuízo
do aluno As aulas práticas nos laboratórios
da engenharia elétrica também deverão
sofrer cortes e isso vai prejudicar a formação
do aluno. Dá para encaixar os cortes nos 20%
do calendário e formar o aluno com 75% das aulas? Sem
apagão o ensino não será muito afetado,
mas com o apagão como ficarão os cursos noturnos?
Haverá reposição aos sábados?
São questões que devem ser avaliadas,
pondera Deckmann. Alguns setores já estão comprometidos.
Os eventos noturnos do ginásio da Unicamp serão
cancelados, assim como as aulas de educação
física nas quadras à noite.
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