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MUNDO - DIMENSÕES INVISÍVEIS

 

Produto valioso que poucos produzem
Professor lamenta falta de profissionais para a área de microfabricação,
apesar de existir um mercado crescente

Um produto valioso, um mercado crescente e poucos profissionais voltados para sua produção. Esses foram alguns atrativos mostrados no estande do Centro de Componentes Semicondutores (CCS) da Unicamp, na Cientec, a fim de instigar os estudantes para a produção tecnológica, mais precisamente para a área de microfabricação.

O coordenador do CCS, professor Jacobus Swart, lamenta que no Brasil a fabricação de chips (circuitos integrados compostos por vários transistores) para microprocessadores seja inexistente. Segundo ele, há duas fábricas que disponibilizam no mercado brasileiro os chamados componentes discretos (dispositivos únicos), utilizados em aplicações específicas como geradores de potência, chaves de potência e controle de motores. “Precisamos de profissionais nessas áreas”, salienta.

Swart descarta a possibilidade de a indústria de microchips não conseguir suprir a demanda crescente no mundo todo. No entanto, ele alerta para o custo que essa importação de tecnologia pode significar para países como o Brasil. “A importação já sai caro. O volume a ser importado daqui a cinco ou dez anos deverá ser maior que a produção agrícola que podemos ter. Ou seja, a conta será impagável”, adverte.

A maneira de atrair o público durante a Cientec foi mostrar que a produção de microchips não é um “bicho de sete cabeças”. “Há chips em praticamente todas as atividades, direta ou indiretamente, desde o despertar com o rádio-relógio”, ensina Swart.

A fabricação de chips tem várias etapas. São utilizados processos fotolitográficos para replicar imagens previamente delineadas por um projetista. Os desenhos feitos em placas de vidro são transferidos, por esses processos, para a superfície de uma lâmina de silício. “Necessita-se, em processos acadêmicos como o nosso, de apenas cinco máscaras (desenhos); em processos mais avançados de fabricação de microprocessadores, de memórias mais avançadas, o número passa de 20 máscaras. Mas sempre utilizando os mesmos princípios”, explica o coordenador do CCS.

O silício é o material escolhido porque, segundo o pesquisador, possui propriedades muito superiores aos demais componentes. “Dizem até que é uma dádiva da natureza, porque é bastante estável e forma um isolante naturalmente, se o colocarmos em ambiente oxidante. É mais robusto que outros semicondutores e mais barato, pois o silício é muito abundante – o segundo elemento mais encontrado na Terra depois do oxigênio”, explica.

O processo fotolitográfico é utilizado para fabricar a estrutura dos transistores que estão dentro do semicondutor silício. Cria-se um isolante sobre essa estrutura e esse isolante é vazado nos pontos em que se pretende acessar os transistores. Cada transistor tem de ter três acessos. “Em cada fenda dessa, ponho um metal, que estará interligado no resto do circuito”, detalha o professor.

Artesanalmente – por meio do processo acadêmico, por exemplo – é possível fabricar um chip em duas semanas. “Preciso de cinco máscaras, mas entre elas tenho várias etapas – de limpeza, de implantação de íons, alterar a composição do silício em níveis homeopáticos, para ter meu transistor”, comenta. Segundo Swart, esse é um dos tipos de produção que exige maior controle de composição, pois qualquer outro elemento altera a propriedade elétrica do dispositivo. “Existe uma tendência de redução da dimensão dos chips produzidos. E aí qualquer impureza se torna mais crítica”.

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Coquetel anti-Aids

Na prática os pesquisadores de luz síncrotron estão em busca de informações sobre fenômenos físicos, químicos e biológicos que ocorrem no plano dos átomos e das moléculas. Querem entender os materiais em seu sentido lato, inclusive o biológico, e decifrar certos fenômenos que possam significar a criação de um novo material ou a modificação de um material que já existe. No caso da biologia, quando estuda as proteínas, o que o cientista quer é entender sua estrutura e, entendendo, estudar qual a sua função; e, sendo uma função maligna, analisar como a proteína pode interferir nessa função de forma que não provoque aquela malignidade no organismo.

Desde 1996, um dos medicamentos do coquetel anti-Aids é obtido em laboratório de luz síncrotron dos Estados Unidos. Os americanos descobriram a função de uma proteína no vírus HIV e criaram um medicamento que inibe a ação dessa proteína, a protease; ela perdeu parte de sua função, passando a abrandar o vírus e criando uma nova expectativa de vida para os portadores da doença.

No futuro, muitos medicamentos serão produzidos graças, em boa parte, ao conhecimento que hoje está sendo gradativamente acumulado em laboratórios síncrotron, inclusive no brasileiro. “Será útil em outras áreas de materiais, como os eletrocrômicos, que reagem a estímulos externos – as lentes de óculos, por exemplo. Há muito mais a ser descoberto sobre materiais avançados para usos mais específicos”, adianta o assessor Roberto Medeiros.

 

 

 


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